São Luís 413 anos: pequenos negócios impulsionam economia criativa

sao-luis-413-anos3A-pequenos-negocios-impulsionam-economia-criativa

Da Praia Grande aos novos eixos: pequenos negócios impulsionam crescimento de
São Luís nos 413 anos

Capital maranhense comemora 413 anos marcada pelo crescimento da economia
criativa e dos pequenos negócios.

1 de 5 Praia Grande: patrimônio e nascedouro do comércio de São Luís — Foto:
Divulgação/Ariosvaldo Baeta

Praia Grande: patrimônio e nascedouro do comércio de São Luís — Foto:
Divulgação/Ariosvaldo Baeta

Foi na Praia Grande que floresceu o comércio de São Luís
nos séculos XVIII e XIX. O
Largo do Comércio e o Mercado das Tulhas eram os principais centros de venda de
grãos, produtos maranhenses e mercadorias. O local reunia comerciantes da Praça
de São Luís, conectados com as rotas de comércio para o Velho Continente.
Caixeiros viajantes ajudavam a espalhar esse fluxo Maranhão adentro. E os
pregoeiros davam o tom da propaganda, conquistando a clientela no “gogó”.

Desde então, o comércio da Praia Grande imprime uma dinâmica à cidade e ao
território, onde está o acervo reconhecido pela Unesco como Patrimônio da
Humanidade. Mas, o processo de ocupação urbana para além do Rio Anil, o
crescimento da população, o surgimento de novos bairros com a abertura de novos
trajetos urbanos, entre outros fatores, explicam a emergência de novos eixos
comerciais importantes que marcam atualmente.

Atualmente, no lugar dos entrepostos comerciais, surgiram na Região
Metropolitana, nove shopping centers e um crescente número de galerias e centros
comerciais espalhados por uma cidade que se moderniza, sem perder o encanto e a
beleza acolhedora.

Empreendedores como Neide Baldez, da Tok Africano, têm raízes que guardam
semelhanças com esse movimento. Ela já empreendeu na Praia Grande, na Galeria
66, espaço colaborativo na escadaria Humberto de Campos.

Criativa e talentosa, hoje ela divide espaço e sonhos com 20 outras
empreendedoras da economia criativa, na Loja Colaborativa Feira MA Preta, no
Shopping Rio Anil. Sua história revela tendências no crescimento econômico de
São Luís, que celebra 413 anos de fundação, neste dia 8 de setembro.

2 de 5 Neide Baldez, empreendedora de São Luís, reforça confiança no futuro —
Foto: Divulgação

Neide Baldez, empreendedora de São Luís, reforça confiança no futuro — Foto:
Divulgação

Entre os motivos para o aumento desta tendência, está a presença cada vez maior
de mulheres empreendedoras na economia da capital (líderes de 47,4% dos
empreendimentos da capital); o crescimento do afroempreendedorismo e da economia
criativa; o surgimento de novas modalidades de comércio, como lojas
colaborativas sobre as quais não se tem dados precisos, mas cujo crescimento é
visível como alternativa para compartilhamento de espaços e de custos.

Além disso, novidades como presença digital e vendas pela Internet, que fazem
dos pregoeiros personagens do passado. Mas, além disso, a história dela ilustra
o movimento de comércio da Praia Grande para eixos como Cohab/Anil/Forquilha.

“Vejo essa São Luís dos 413 anos como uma cidade rica em cultura, tradição e
criatividade. Isso inspira muito quem empreende de forma criativa, como eu. Por
outro lado, ainda enfrentamos muitos desafios para empreender aqui — desde a
falta de incentivo até a valorização dos nossos produtos e trabalhos. Mas,
acredito que, mesmo com as dificuldades, São Luís é um solo fértil: nossa
história, nossas raízes e nossa gente são forças que nos motivam a resistir e a
criar. É um lugar que pode e deve ser cada vez melhor para seus empreendedores”, diz ela.

A FORÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NA CAPITAL

Dados obtidos pelo Sebrae em agosto de 2025, mostram a face econômica da cidade
aos 413 anos. Os pequenos negócios formais representam quase 95% do total,
ocupando o lugar dos grandes comerciantes, e o setor de serviços substitui o
comércio como força mais relevante.

São 112.145 empresas ativas. Nesse universo, os pequenos negócios somam 100.591.
As microempresas são a maioria, com 42,8% do total, seguidas dos MEI’s, com
39,6%, e das empresas de pequeno porte, com 7,21%. O restante são médias e
grandes empresas, empresas da administração pública e outras, em um total de
10,8%.

A distribuição por setor da economia aponta o setor de serviços como o mais
destacado, com 53,6%; em seguida vem o comércio, com 33,6%; após, a indústria e
construção civil, que, somadas, representam 12,4% e, por fim, a agropecuária,
com 0,22% das empresas.

3 de 5 Rua do Giz, entre as mais bonitas do país, abriga exemplares do acervo
colonial que fizeram de São Luís Patrimônio da Humanidade. — Foto:
Divulgação/Embratur

Rua do Giz, entre as mais bonitas do país, abriga exemplares do acervo colonial
que fizeram de São Luís Patrimônio da Humanidade. — Foto: Divulgação/Embratur

Na capital, ocupam os cinco primeiros lugares como segmentos e atividades com
maior presença de pequenos negócios, o comércio varejista de artigos de
vestuário a acessórios; serviços de cabeleireiros, manicure e pedicure; promoção
de vendas, restaurantes e similares, além de lanchonetes, casas de chá, de sucos
e similares, com expressivo crescimento nos últimos anos.

Os bairros com maior presença de pequenos negócios são o Renascença, Turu,
Centro, Calhau, Cidade Operária, Cohama, São Cristóvão, São Francisco, Vinhais e
Olho D’Água e importante concentração no eixo Itaqui-Bacanga, influenciado pela
dinâmica do Complexo Portuário de São Luís.

Com relação ao perfil dos sócios, na capital, 54,6% são homens e 47,4%,
mulheres. O setor de serviços tem predominância feminina, com 50,8% de mulheres
à frente dos negócios. Relativamente à faixa etária, entre MEIs, em São Luís,
predomina a idade de 39 anos; nas ME, de 44 anos, e nas EPPs, de 45, em média.

Quando se fala entre jovens empreendedores, São Luís tem, entre os pequenos
negócios, 65,6% sócios na faixa de 18 a 46 anos, sendo 55,6% homens e 44,4% de
mulheres, segundo dados levantados pelo Sebrae.

ESPECIAL SÃO LUIS 413 ANOS

* São Luís 413 anos: guia para explorar a capital e seus tesouros vizinhos

EMPREENDEDORES APOSTAM NO FUTURO E PEDEM AMBIENTE MAIS FAVORÁVEL

Atuando no setor de serviços, Hugo Goulart, do Complexo Salvatore, avalia as
boas perspectivas para o futuro econômico de São Luís. Hugo é parte de uma
geração com menos de 45 anos, que ganha espaços cada vez maiores na cena
econômica da capital.

“Vejo perspectivas muito boas para a economia de São Luís. Temos potencial
grande em diversos vetores, como o turismo em várias vertentes; uma dinâmica
portuária ímpar e a economia de serviços. Além disso, temos também um povo
aguerrido e empreendedor que vai conseguir aproveitar esse potencial, com
certeza”, analisa ele.

“Como desafio, ainda precisamos facilitar a vida do empreendedor, com um
ambiente de negócios mais favorável, com a gestão pública sendo mais ágil e
cumprindo seu papel social. Com isso, conseguiremos estimular mais o
empreendedorismo, que vai movimentar, por sua vez, toda a economia”, acrescentou
ele.

4 de 5 Nilma Marinanto simboliza luta das mulheres líderes de negócios de São
Luís — Foto: Divulgação

Nilma Marinanto simboliza luta das mulheres líderes de negócios de São Luís —
Foto: Divulgação

Com o marido, Nilma Marinanto lidera a Soar Autopeças. Ela enfatiza questões
ligadas à logística como desafios. “Nossa principal dificuldade vem da
logística, pois as mercadorias chegam em Fortaleza-CE e precisam chegar ao
Maranhão, elevando os custos e dificultando o envio para o interior do estado”,
analisou.

Para ela, a situação deve melhorar com a expansão do Porto do Itaqui, que
permitirá a chegada direta de contêineres, melhorando o fluxo de abastecimento e
a oferta de mercadorias.

“Ao completar seus 413 anos, vemos que São Luís evoluiu e vem melhorando e isso
é maravilhoso. Como empreendedora, que já precisou se refazer e reinventar,
tenho esperança sempre. Queremos crescer, nos desenvolver e nada de desistir,
porque a vida sem luta, é uma vida vazia”, complementa.

Claudia Martins, da Innovaeco, atua em um campo com relevância crescente em São
Luís: os negócios inovadores

“Hoje, temos negócios que ganham mercado no Maranhão e fora do Brasil. Isso é
bonito de ver aqui em São Luís. Atuando na área ambiental, queria ver São Luís
mais sustentável, com uma economia circular funcionando. Um dia, espero ver São
Luís como exemplo de economia circular”, reflete ela.

5 de 5 Cláudia Martins, da Innovaeco: empreendedorismo que une inovação e
compromisso com o futuro — Foto: Divulgação

Cláudia Martins, da Innovaeco: empreendedorismo que une inovação e compromisso
com o futuro — Foto: Divulgação

ONDE ESTÃO AS OPORTUNIDADES?

Para o economista e analista técnico do Sebrae, José Cursino Moreira, fortalecer
os pequenos negócios e fazê-los vetores de desenvolvimento efetivo, inclui
desafios parecidos com as demais cidades brasileiras.

“O apoio e o tratamento diferenciado das políticas públicas para estes negócios
ajudam a estimular um ambiente pró-empreendedorismo”, disse ele.

Além disso, a aplicação da Lei Geral das MPEs; a inclusão das MPEs como
fornecedoras de bens e serviços ao poder público; a simplificação de
procedimentos e uma política tributária mais justa, ajudam a elevar a capacidade
contributiva desses negócios no desenvolvimento local.

Com relação às oportunidades, o economista avalia que São Luís agrega
perspectivas interessantes no comércio e serviços em geral, em áreas como
mercados, bares, restaurantes, nos serviços de educação, saúde, lazer, cultura,
beleza, alimentos fora do lar, serviços de cuidadoria, higiene pessoal e tantos
outros.

“Com seu patrimônio histórico, cultural e arquitetônico, a cidade oferece
oportunidades na Economia Criativa, com o turismo, o artesanato, a culinária, as
artes em geral, as ligadas à logística e ao Complexo Portuário, em uma ampla
cadeia com potencial para gerar empregos e negócios, que serão tanto mais
concretizadas à medida que se estimule o empreendedorismo”, completa.

Box de Notícias Centralizado

🔔 Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram e no WhatsApp