Última atualização 13/04/2023 | 17:42
Neste mês do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, a Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida (SMS) promoveu, como em anos anteriores, uma mobilização para sensibilizar a sociedade sobre o tema. O evento temático “Autismo em Ação! Segunda Caminhada de Conscientização do Autismo – Abril Azul – Mais Informação, Menos Preconceito” foi realizado na manhã desta quinta-feira, 13 de abril, no Parque da Família, localizado na avenida Independência, em frente ao Aparecida Shopping.
A iniciativa também teve o objetivo de “fortalecer a integração entre profissionais, pacientes e familiares com foco na conscientização e no diálogo para derrubar preconceitos e valorizar a vida humana, suas facetas, particularidades e vivências. Cerca de 50 profissionais de todos os CAPS e de outros setores da Saúde Mental prestigiaram o evento”, salientou a coordenadora de Saúde Mental, Carolina Sartori.
Na mobilização, além da tradicional caminhada com cartazes e com os participantes bradando palavras de ordem contra o preconceito e por mais inclusão, também foram oferecidas atividades educativas, terapêuticas e recreativas. Teve auricoloterapia e barras de access na Tenda de Cuidados com Práticas Integrativas e Complementares, roda de capoeira com o Mestre Jagunço e confecção de Carteiras de Autistas na Tenda de Direitos, bem como distribuição de cartilhas, jogos, pinturas, atividades lúdicas e oficinas na Tenda de Interação e exposição e venda de produtos artesanais feitos por usuários e familiares na Tenda de Economia Solidária.
Informação que quebra barreiras
A diretora do Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil Alegria (CAPSi Alegria), Cristiane Branquinho, destacou que “quando trazemos mais informações, quebramos barreiras e deixamos menos espaço para os preconceitos. Há crianças e adolescentes excluídos da sociedade por falta de informação porque muitas pessoas não sabem identificar os sintomas, a singularidade e as alterações de comportamento que os autistas têm. Queremos dizer às famílias de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) para que não desistam nunca, nós estamos aqui para apoiá-los e dar todo o suporte necessário. ”
Já a coordenadora do CAPSi Alegria, Eurides Santos Pinho, acrescentou que a mobilização é “um momento muito importante que temos para abordar esse transtorno que acomete todas as idades e com o qual a pessoa já nasce. Os autistas, em geral, enfrentam preconceitos até mesmo porque não têm sinais da condição. Assim, muitas vezes a comunidade não entende porque eles precisam de estacionamento específico e de local preferencial nas filas e as famílias também sofrem porque a pessoa tem prejuízo na interação social em ambientes muito ruidosos ou em meio a multidões. Nesse sentido, no CAPSi trabalhamos as questões terapêuticas para orientar os familiares e melhorar o convívio social de crianças e adolescentes autistas. ”
Como conseguir atendimento em Aparecida
Eurides explicou que o CAPSi faz o acolhimento inicial na rede da SMS para autistas crianças e adolescentes, sem necessidade de encaminhamento. A unidade é localizada na Rua 29, quadra 85 A, lote 13, na Vila Brasília. “As pessoas que querem buscar esse atendimento ou tirar dúvidas devem ligar no número 3545-7006 para receber orientações e saber quais documentos devem ser levados. Daí marcaremos uma avaliação e faremos o acolhimento para identificar as demandas, a proposta de tratamento e o acompanhamento familiar, que é imprescindível para o sucesso e a evolução positiva do caso”, frisou a coordenadora.
Superação, cuidados e respeito
Maria de Lourdes de Jesus Araújo, moradora do Jardim dos Ipês, contou que o filho dela, Cristian Henrick, de 14 anos, acompanhado pela equipe do CAPSi há cerca de dois anos, tem tido grandes avanços: “Viemos de São Paulo após muitas atribulações e traumas para ele. Aqui estamos melhores e o pessoal do CAPSi é muito atencioso e profissional. Estão sempre prontos para auxiliar quando precisamos. Minha vida é toda dedicada a meu filho, que não pode ficar sozinho, e no CAPSi consigo remédios e sou muito ajudada, sem esse tratamento ele não teria se desenvolvido tanto”.
Mãe da adolescente Ana Francine, de 12 anos, que é atendida no CAPSi há 7 anos, Kelly Rodrigues Araújo também elogiou o trabalho desenvolvido na unidade: “Ela tinha dificuldade de socialização desde muito pequena e eu já desconfiava de algo, mas o pai dela, na época, não aceitava isso e parei de investigar. Anos depois, ela foi encaminhada para o CAPSi com um relatório da escola. Após avaliação veio o diagnóstico e ela começou a fazer o tratamento toda semana. Ela não falava direito e no CAPSi começou a falar, a conversar e a explicar as coisas, além de socializar. Ela não tinha amigos e hoje tem muitos”.
Kelly se emociona ao destacar que no CAPSi “as pessoas abraçam a causa mesmo e te entendem. Eu mesma fiz terapia encaminhada por eles, estava numa fase difícil. Com a ajuda dos profissionais e com as explicações, que acho muito interessantes, tudo fica mais claro. Eu não sabia como lidar com as situações e lá aprendi. No CAPSi minha filha se desenvolveu bem rápido, principalmente na fala e na socialização. Eu queria que as pessoas parassem de pensar que o autismo é um problema. Não é. Para mim, minha filha é a solução de muita coisa na minha vida. Os autistas veem o mundo de forma diferente e merecem respeito. Se houver respeito, será melhor para todo mundo”.
Autismo no mundo e no Brasil
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, foi instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2007. O órgão estima que mais de 70 milhões de pessoas vivam com o transtorno, cerca de 1% da população do planeta. Já no o Brasil, a OMS aponta que cerca de 2 milhões de pessoas são autistas.