De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) é estimado que em cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 66.280 novos casos de câncer de mama. Este é um risco para a saúde feminina estimado em 61,61 casos a cada 100 mil mulheres. Mesmo com um número alto e preocupante, a realização de exames periódicos para a constatação dos problemas caiu nos últimos meses.
Segundo levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), houve uma queda de 27 milhões de exames, cirurgias e outros procedimentos eletivos. Já na quantidade de mamografias a diminuição foi de 48%. Esse é o segundo maior declínio por tipo de procedimento, ficando atrás apenas do também exame preventivo da saúde feminina, Papanicolau, com 51%.
De acordo com o mesmo conselho de saúde, a queda nos números se deu em decorrência ao isolamento social durante a pandemia de Covid-19. Restrições de acesso aos hospitais, contingenciamento de leitos para o tratamento do coronavírus e medo dos pacientes em procurar ajuda médica em função da pandemia são fatores que influenciaram as estatísticas negativas recentes.
O médico explica
Baseado no levantamento, o Dr. Thadeu Provenza – Mastologista e fundador da ASPRECAM – Associação de Prevenção do Câncer na Mulher e atual Superintendente Técnico da instituição, implica que os impactos dessa queda podem agravar a situação do câncer de mama, que é o tipo de câncer mais comum no Brasil.
“Percebemos que os desafios com a educação, prevenção e tratamento do câncer foram severamente impactados com a pandemia. Já estamos em uma fase melhor, mas sabemos que os resultados aparecerão porque muita gente se descuidou”, comenta Thadeu.
SUS
Ainda de acordo com o especialista, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para o câncer de mama em Unidades Hospitalares especializadas, mas não da forma que deveria ser:
“No Brasil, a maioria dos tratamentos acontecem na fase final, principalmente no SUS. O certo é o paciente chegar antes das células terem se espalhado para o resto do corpo. Deve procurar um especialista não só quando está doente, mas antes, para prevenir. Isso se chama tratamento precoce”.
Importância de se tocar
O médico explica que outros sintomas também devem ser observados. Por exemplo, secreção no bico da mama na cor de sangue, borra de café ou cristalino como a água:
“No nosso consultório, recebemos relatos de dor, mas câncer de mama não dói. Ele vem quieto. Nos últimos 30 anos houve melhora na tecnologia para dar diagnóstico, bem como para tratar o câncer. Antigamente era necessário tirar a mama da mulher. Hoje, se a paciente chegar cedo, ela pode sair do consultório melhor do que chegou. Caso seja necessário tirar a mama, a tecnologia nos permite fazer a reconstrução com uma prótese”.
Mulheres cada vez mais jovens
O doutor relata ainda que, nos últimos anos, houve um aumento do câncer de mama na população mais jovem. Ou seja, em mulheres entre 30 e 35 anos. Esse fato se relaciona com os hábitos de vida que a população vem adquirindo. O tipo de alimentação, o fumo, o sedentarismo, são fatores que alteram a saúde da mulher, e causa o aparecimento do câncer de mama mais cedo.
Além dos 36 anos de profissão, o Dr. Thadeu Provenza também ajudou na criação do material didático Mamamiga, que proporciona a experiência de sentir pelo toque as principais situações encontradas no autoexame das mamas. Em 2004 o modelo foi reconhecido pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) como ferramenta de utilidade pública, ele também utilizado em capacitações de profissionais, palestras, feiras e locais de grande fluxo de pessoas.
Em 2013, o médico também ajudou no lançamento do Movimento Mamamiga pela Vida, que tem o intuito de despertar nas pessoas a cultura do autocuidado. O desejo de valorizarem a própria saúde, adotarem práticas saudáveis e mais qualidade de vida. Para isso, desenvolve programas e projetos que visam à promoção de produtos e tecnologias sociais que estimulem o autocuidado e a prevenção do câncer na mulher, bem como a promoção da saúde e da qualidade de vida.