“Se alguém fez teatro aí foi ele, eu não”, diz Kajuru

“Se alguém fez teatro aí foi ele, eu não”, diz Kajuru

No telefonema gravado com o presidente Jair Bolsonaro, Kajuru defendeu que CPI da Covid deve incluir prefeitos e governadores. No entanto, na última segunda feira (12), admitiu que a expansão da investigação pode beneficiar o Palácio do Planalto.

Em entrevista ao Estadão, o senador disse que o ideal seria abrir duas CPIs distintas, uma com foco na atuação do governo federal na pandemia e outra nos Estados e municípios. Ele alegou que pensar as duas com o prazo de 90 dias é complicado. Confira a entrevista.

 

Bolsonaro sabia que o conteúdo da conversa ia ser divulgado?
Eu liguei para ele às 12h40 (de domingo). A gravação foi colocada no ar às 13h. Falei assim: “Aquela conversa nossa vou colocar no ar daqui a pouco, 20 minutos”. Aí tudo bem, tchau. Se ele falasse para mim às 12h40: “Não, Kajuru, não coloca esse papo nosso no ar, não”. Claro que eu não ia colocar. Ia guardar. Caso amanhã ele falasse alguma coisa contrária, eu ia falar: “Não, presidente, desculpa, não foi o que o senhor falou, não, está aqui. O senhor sabe que eu gravo. Eu falei na tribuna do Senado”.

Algumas pessoas falaram que a gravação foi uma jogada ensaiada entre os senhores.
Isso é ridículo. Eu liguei para me defender. Você ouviu a conversa, que teatro que eu fiz? Primeiro que tem gente que não merece meu respeito. Tem gente que o que mais faz é teatro, que é o Supremo Tribunal Federal. Basta você ver os julgamentos, lá tem teatro. Se alguém fez teatro aí foi ele (Bolsonaro), eu não.

Além da CPI da Covid, o sr. assinou um pedido para uma nova comissão que inclua governadores e prefeitos. Elas devem ser juntadas?
Para apensar as duas com 90 dias de CPI é complicado. Isso aí cheira a beneficiar o governo. Como vai focar governador, prefeito e governo federal ao mesmo tempo, tudo junto? Se trabalhar de segunda a sexta, tudo bem. Se trabalhar uma vez por semana, não tem jeito. As duas juntas há o risco de o governo ser beneficiado. Sai do foco principal. O foco principal é o governo federal, e em segundo plano vêm governadores e prefeitos.

A CPI deve ser presencial?
Não, de forma alguma. Remota. São 11 titulares e sete membros. Uma CPI nunca vai todo mundo. Se quiser fazer presencial tem que limitar o número de presentes.

Bolsonaro pediu para o sr. tentar barrar a CPI?
Meu sigilo telefônico está a disposição da Justiça, vê se algum dia ele me ligou pedindo isso. Se eu avisei que eu gravo a conversa com todo mundo, você acha que ele teria coragem de ligar para mim para barrar CPI? Uma CPI que eu assinei?

 

Fonte: (Agência Estado)

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PF investiga general ligado ao governo Bolsonaro por imprimir plano para matar Moraes, Lula e Alckmin no Planalto

A Polícia Federal (PF) revelou que o general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e ex-ministro interino do governo Bolsonaro, teria impresso no Palácio do Planalto um “plano operacional” para assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Denominado “Punhal Verde e Amarelo”, o plano de três páginas foi encontrado no gabinete da Secretaria-Geral. Fernandes foi preso na manhã desta terça-feira (19).

De acordo com a PF, o documento, salvo sob o título “Plj.docx” (referência à palavra “planejamento”), detalhava a execução do plano. Além disso, outros arquivos sensíveis, como “Fox_2017”, “Ranger_2014” e “BMW_2019”, foram localizados na pasta “ZZZZ_Em Andamento”, que a polícia interpretou como um indício de que as ações estavam em fase ativa. Curiosamente, os nomes dos arquivos remetiam a veículos pessoais do general, segundo o relatório policial.

A defesa de Mário Fernandes ainda não se pronunciou sobre o caso.

Operação e alvos

A operação desta terça-feira prendeu quatro militares e um policial federal, todos investigados por ligação com um suposto grupo denominado “Kids Pretos”, formado por integrantes das Forças Especiais. O grupo é acusado de planejar o assassinato de lideranças políticas após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

Ao todo, a operação cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e determinou 15 medidas cautelares, incluindo a entrega de passaportes e a suspensão de funções públicas dos envolvidos. Entre os alvos estão Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, além do policial federal Wladimir Matos Soares.

A investigação faz parte de um inquérito mais amplo que apura possíveis tentativas de golpe de Estado relacionadas à eleição de 2022.

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