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Se é essencial, por que parar?

Última atualização 11/03/2021 | 20:58

Goiás é o único estado do Brasil que paralisa a construção civil em seus decretos de lockdown. Mesmo São Paulo, ao decretar bandeira vermelha, considerou a construção civil como serviço essencial e manteve as obras em andamento.

Isso porque todos os demais estados, com exceção dos nossos governantes de Goiás, já entenderam que o ambiente de obra é seguro para os trabalhadores. Obras não geram aglomerações. Os ambientes são extremamente ventilados e gera muito pouco contato entre os trabalhadores, uma vez que as frentes de serviço acontecem em diferentes pavimentos e em diferentes cômodos. Costumo fazer a analogia de que uma obra tem menor risco do que um prédio residencial habitado, uma vez que possui ambientes mais ventilados e menor circulação de pessoas.

Os números comprovam que as obras são seguras. A Abrainc realiza pesquisa semanal em quase 900 obras espalhadas por todo o Brasil. O número de afastamentos de operários do setor com Covid-19 é em torno de 0,2%, ou seja, quase zero.

Desde o início da pandemia, as construtoras têm adotado rigorosos protocolos de segurança. E, como nas nossas obras existe forte comando, todos são rigorosamente cumpridos. Temos convicção que eles estarão mais seguros trabalhando, seguindo rigoroso protocolo sanitário, do que em casa, onde irão promover encontros com amigos e familiares e fazer “bicos” para ganhar o sustento, em ambientes sem qualquer controle à pandemia. Existem relatos, inclusive, de aumento de violência doméstica.

O impacto social e econômico desta paralisação pode ser muito significativo e os mais prejudicados são sempre os trabalhadores de baixa renda.

Apoiamos iniciativas de combate à pandemia e preservação das vidas. Defendemos vacinação em massa para todos o mais rápido possível. Enquanto a vacina não chega para todos, para manter as obras em funcionamento, o setor pode dar sua contribuição fornecendo transporte aos trabalhadores sem condução própria e escalonar os horários das obras para evitar deslocamentos em horários de pico. Um transtorno e custo adicionais às construtoras, mas seria nossa contribuição para o combate à pandemia. O setor de transporte escolar, por exemplo, está clamando por trabalho, e poderíamos fazer uma parceria para ajudar esse setor tão prejudicado pela pandemia.

É incorreto dizer que as obras geram proliferação da Covid-19 e contraditório dizer que somente as do poder público possam continuar em andamento. O que pedimos é um tratamento igualitário às obras públicas.

A exemplo de todos os outros estados do Brasil, esperamos que nossas autoridades considerem a construção civil como serviço essencial e mantenha os canteiros funcionando. Estamos convictos de que nossos trabalhadores estarão mais seguros em nossas obras, sob nossos cuidados. Será melhor para a sociedade, para economia, e, principalmente, para os trabalhadores de baixa renda.

Fernando Coe Razuk é presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás