Secretário de Segurança do RJ cobra apoio federal em megaoperação no Alemão e na Penha

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Victor Santos diz que RJ não consegue enfrentar crime organizado sozinho e cita ‘9 milhões de m² de desordem urbana’

Secretário de Segurança do RJ falou sobre a megaoperação que acontece no Alemão e na Penha. Agentes miram 100 criminosos do Comando Vermelho.

Secretário de Segurança do RJ fala sobre megaoperação para prender 100 do Comando Vermelho

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, afirmou, na manhã desta terça-feira (28) que o estado não tem condições de enfrentar sozinho o crime organizado e cobrou apoio mais efetivo do governo federal e de outras esferas de poder.

A declaração foi dada ao Bom Dia Rio durante a Operação Contenção, que mobiliza 2.500 agentes nos Complexos da Penha e do Alemão.

“Estamos falando de 9 milhões de metros quadrados de desordem urbana [nos complexos do Alemão e da Penha], com becos intransitáveis, casas irregulares e criminosos que dominam o território. É impossível enfrentar isso apenas com o efetivo do estado”, afirmou o secretário.

De acordo com o secretário Victor Santos, cerca de 150 mil pessoas vivem nas áreas afetadas pela operação, que tem como objetivo cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra lideranças do Comando Vermelho. Na Penha, foram expedidos 30 mandados de prisão.

“Essa é a realidade. Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma ação necessária, planejada, com inteligência e que vai continuar”, disse.

Balanço parcial: 4 suspeitos haviam sido mortos em confronto. Dois eram da Bahia; outro, do Espírito Santo. 21 homens foram presos — 4 foram baleados e internados sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Um policial do Bope foi baleado de raspão na perna. 3 inocentes foram baleados: um homem em situação de rua foi atingido nas costas por uma bala perdida e levado para o Getúlio Vargas.; uma mulher que estava na academia também foi ferida e socorrida pelo marido; e um homem que estava num ferro-velho. Policiais apreenderam 2 fuzis, 1 pistola e 9 motos.

Em retaliação à ação policial, criminosos lançaram bombas com drones no Complexo da Penha.

O secretário também confirmou que criminosos usaram drones para lançar explosivos contra os policiais e a população local, em uma tentativa de impedir o avanço das forças de segurança.

“Essa é a guerra que vivemos no Rio de Janeiro. Décadas de inação de todos os entes — município, estado e União — permitiram que o crime se instalasse nesses territórios. Agora, queremos retomá-los e devolvê-los à população”, declarou.

Imagens registradas durante a operação mostram criminosos fugindo pela Serra da Misericórdia, o que, segundo Santos, demonstra a “covardia” dos traficantes.

“Contra a população, eles impõem o terror. Mas quando o estado chega, eles fogem”, afirmou.

Victor Santos também criticou a ausência de apoio federal.

“Toda a logística da operação é do estado. Em um passado recente, pedimos apoio das Forças Armadas, mas foi negado. Até os blindados são do Rio de Janeiro”, disse.

Ele citou que, na última operação no Alemão, o pedido de reforço federal também foi recusado.

“É preciso que, sem ideologia, estado, União e município se sentem à mesa. São quase 1.900 favelas no Rio, sendo 800 só na capital. Somos o quarto menor estado e o mais populoso. Não dá para enfrentar isso sozinho”, completou.

Entre os presos na operação está Nicolas, apontado como operador financeiro de um dos chefes do tráfico, conhecido como Doca.

“Dentro daquele ambiente, a operação foi um sucesso. A polícia vem fazendo seu trabalho. Já apreendemos mais de 600 fuzis este ano, e vamos bater recorde. Mas isso tem um custo alto para os nossos policiais”, disse o secretário.

Santos também destacou que o plano de retomada dos territórios vai até 2031, mas que ações pontuais não são suficientes.

“Existe um plano. A população precisa apoiar. A comunidade tem que participar, enxergar que o policial é do bem e que está ali para proteger, não para reprimir”, concluiu.

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