A segunda audiência de instrução do caso Julieta Hernández, artista venezuelana que foi morta durante sua passagem pelo interior do estado, no fim do ano passado, acontece nesta terça-feira (3), no Fórum de Justiça Desembargadora Nayde Vasconcelos, no município de Presidente Figueiredo. A primeira audiência do caso, realizada em agosto deste ano, foi suspensa após a requisição de um documento citado durante a sessão.
Julieta desapareceu no dia 23 de dezembro no interior do estado, e o corpo dela, juntamente com partes da bicicleta que usava, foi encontrado no início de janeiro deste ano nas proximidades de um refúgio onde ela estava hospedada. Ela morava no Brasil há 8 anos e fazia parte do grupo “Pé Vermêi”, composto por artistas e cicloviajantes que percorrem o país.
Nesta terça-feira, as oitivas devem continuar de forma presencial no Fórum, conforme solicitado pelo advogado da família de Julieta, Carlos Nicodemos. “Seis testemunhas devem ser ouvidas nessa audiência, além de, possivelmente, os dois acusados. Também solicitamos que tudo aconteça de forma presencial”, disse. O advogado afirmou, ainda, que há a expectativa de que a partir dos depoimentos a Justiça compreenda e atenda o pedido da família para que o crime seja reclassificado.
A segunda audiência ocorre em meio à luta da família de Julieta para que o crime seja reclassificado pelo Ministério Público do Amazonas (MP/AM), de latrocínio para feminicídio. O pedido foi negado pelo promotor responsável. Feminicídio da artista circense Julieta Hernández põe em discussão os direitos da mulher.
Julieta desapareceu no dia 23 de dezembro do ano passado, e o Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado no dia 4 de janeiro na Delegacia Virtual do Amazonas (Devir), e encaminhado à 37ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Presidente Figueiredo, cidade onde aconteceu o crime, que iniciou as investigações.
De acordo com o delegado Valdinei Silva, no mesmo dia, um morador localizou partes da bicicleta da vítima e acionou a polícia. Quando a equipe chegou ao local, Thiago tentou fugir, mas foi capturado. Ele e a esposa foram conduzidos à delegacia e entraram em contradição nos depoimentos, e assim confirmaram a autoria do crime.
Thiago contou uma versão diferente à polícia. De acordo com o suspeito, a venezuelana e ele usavam drogas, quando a companheira ficou com ciúme, jogou álcool nos dois e ateou fogo. Ele disse ainda que apagou o fogo do corpo e chegou a procurar um hospital em busca de socorro. No entanto, enquanto isso, a esposa amarrou uma corda no corpo de Julieta, que estava desacordada, arrastou a vítima para uma área de mata e a enterrou.