A situação dos motoristas de Kombis e vans legalizadas que circulam por favelas no Rio de Janeiro ganhou destaque recentemente devido às preocupações relacionadas à segurança dos operadores. Com a implantação do Jaé, um sistema de controle de biometria facial para evitar fraudes no uso de cartões de gratuidades, os motoristas temiam represálias dos traficantes locais, que não queriam ser identificados pelas câmeras do sistema. Diante desse cenário, o prefeito Eduardo Paes e a secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, autorizaram que os operadores cobrissem as câmeras do Jaé com fita adesiva como medida de proteção.
Essa decisão foi tomada após reuniões com os motoristas, onde ficou evidente o temor desses profissionais em relação à segurança nas favelas. Os equipamentos do Jaé foram entregues com a câmera coberta por adesivo preto, oferecendo aos operadores a opção de utilizá-la ou não. Essa medida foi implementada visando a proteção dos trabalhadores que atuam em áreas de maior vulnerabilidade, onde a presença de traficantes pode representar um risco para suas vidas.
Em uma reunião realizada na Ilha do Governador em 2023, os operadores tiveram a oportunidade de discutir a questão da segurança e da utilização das câmeras do Jaé. A maioria dos motoristas optou por manter as câmeras cobertas, ressaltando que apenas em determinadas áreas se sentiam seguros para utilizar o sistema de biometria. Essa medida evidencia os desafios enfrentados pelos profissionais que atuam no transporte público em regiões com forte presença do crime organizado.
Apesar da regulamentação do uso da biometria facial no transporte público desde 2019, a eficácia do controle realizado pelo Jaé ainda é questionada devido à falta de fiscalização adequada. As fraudes no uso de cartões de gratuidades continuam sendo um problema recorrente, prejudicando a receita do sistema de transporte e impactando diretamente os contribuintes. A dispense das câmeras do Jaé pode facilitar ainda mais essas práticas fraudulentas, ampliando os desafios enfrentados pelas autoridades responsáveis.
Além das questões relacionadas à segurança e à fiscalização, os motoristas de Kombis e vans legalizadas enfrentam outro problema recorrente: a extorsão praticada por traficantes e milicianos para permitir a circulação desses veículos nas favelas. O valor cobrado semanalmente para garantir a operação dos transportes pode chegar a R$ 150, representando mais um obstáculo para esses profissionais. A atuação conjunta das forças de segurança é essencial para coibir essas práticas e garantir a integridade dos trabalhadores do setor.
Diante desse contexto complexo, a implantação efetiva do Jaé e a fiscalização rigorosa são fundamentais para garantir a segurança dos operadores, coibir as fraudes no sistema de transporte público e combater a atuação criminosa nas favelas do Rio de Janeiro. A colaboração entre os órgãos responsáveis, a transparência nas ações e o apoio da população são essenciais para superar os desafios e promover um ambiente mais seguro e justo para todos os envolvidos no setor de transporte na cidade.