‘Selva Branca’: a declaração de amor de Carlinhos Brown que todos cantam errado

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Histórias que cantam: ‘Selva Branca’ é declaração de amor para namorada e tem verso que todos falam errado

DE conta os bastidores de composições que marcaram o Carnaval de Salvador em série especial. Escrita por Carlinhos Brown em parceria com Vevé Calazans, “Selva Branca” foi gravada pelo Chiclete com Banana.

‘Selva Branca’ é declaração de amor para namorada e tem verso que todos falam errado

‘Selva Branca’ é declaração de amor para namorada e tem verso que todos falam errado

Quando Bell Marques dá os primeiros acordes do solo de guitarra de “Selva Branca” nos circuitos do Carnaval de Salvador, o público vai à loucura. Composta por Carlinhos Brown em parceria com Vevé Calazans, a música é daquelas que passa por várias gerações e segue na boca do povo. O que os foliões provavelmente não sabem é que o nome da música se refere a uma pessoa e que todos têm cantado um dos versos errado há quase 40 anos.

No final dos anos 1980, Brown vivia uma paixão avassaladora com a mulher que viria a ser a mãe de sua primeira filha — e quem ele apelidou de “Selva Branca”. No verão, o artista precisou viajar para o Rio de Janeiro para tocar com Caetano Veloso e aí surgiu a ideia de homenagear a amada com uma canção.

“Saí com essa ideia de fazer uma música que contasse as minhas aventuras de pular o muro da casa em que ela morava para encontrá-la, porque o pai dela não gostava”, relembrou.

Cada verso da música remete a um momento com a ex-namorada. “Eu dou a volta no seu mundo”, por exemplo, faz referência à volta que o cacique precisava dar na casa, que era de esquina, para depois conseguir pular o muro e assim encontrar a amada.

“Foi um amor inocente, forte e muito bonito. Raquel é uma linda musa inspiradora, depois nós nos tornamos grandes amigos e damos risada juntos desses tempos”, contou.

Apesar da ideia da música e das referências, na época, Brown não conseguiu concluir a letra sozinho porque tinha dificuldade com a escrita. No Rio de Janeiro, ele mostrou a composição para o cantor e compositor Vevé Calazans, que corrigiu a letra e o ajudou a finalizá-la.

De volta a Salvador, Brown mostrou a canção para a banda Chiclete com Banana, que estava em processo de gravação do disco “Fé Brasileira”, de 1987. Segundo ele, Bell Marques, vocalista do grupo na época, ficou na dúvida se deveria ou não gravar a faixa, pois a considerou lenta e romântica demais.

“Ele transformou a introdução, que era um refrão, em um solo de guitarra e gravou. A música começou a pegar fogo na avenida, juntar paixões, principalmente de pessoas que se conheceram durante o Carnaval”, relembrou.

“Quanto mais sorvete/ Quero teu calor/ Quanto mais desejo de amor”. Desde 1988, quando a música estourou no Carnaval, muitos foliões têm cantado este verso errado.

Na letra original, a palavra “sorvete” na verdade é “sorver-te”, do verbo sorver, que significa beber lentamente. Ou seja, a única sobremesa que existe na música é o “moranguinho no copinho esperando por você”.

Segundo Brown, um outro verso também é cantado errado até hoje pelos foliões. Ao invés de “vi nascer em cada estrela a novidade”, o correto seria “fiz nascer em cada estrela a novidade”.

Cantada errada ou corretamente, o artista acredita que “Selva Branca” faz sucesso até hoje porque é uma canção romântica e, com o amor, todo mundo se identifica.

“Música romântica realmente pega nas pessoas. Mas, para mim, a novidade não era fazer música romântica, era fazer música romântica com ritmos acelerados. Eu imaginava que amar era acelerar”, resumiu.

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