Seminário inédito debate desaparecimentos forçados na América Latina

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Um Seminário inédito está sendo realizado no Rio de Janeiro para discutir os desaparecimentos forçados na América Latina. Organizado pela UFRRJ, pela Associação Fórum Grita Baixada e pelo Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu, o evento reúne familiares de vítimas, pesquisadores, figuras políticas e representantes de organizações de direitos humanos. O local escolhido para sediar o seminário é o Colégio Brasileiro de Altos Estudos (Cbae) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), marcando assim o primeiro dia de discussões sobre um dos principais problemas de segurança pública tanto no Brasil quanto na região da América Latina. O evento ocorre durante todo o dia, das 9h às 19h.

Essa iniciativa é promovida pela Associação Fórum Grita Baixada (AFGB), pelo Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFRRJ, por meio do Observatório Fluminense, e pelo Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu (Cdhni). Estas instituições vêm realizando pesquisas e análises sobre desaparecimentos forçados há cinco anos, com um foco especial na Baixada Fluminense. Segundo Adriano de Araujo, coordenador executivo da AFGB, a região da Baixada vem sendo profundamente afetada por desaparecimentos forçados, incluindo a descoberta de cemitérios clandestinos usados para ocultar corpos, intensificando a dor das famílias que muitas vezes não conseguem nem mesmo realizar o luto. Existem demandas urgentes para que o Estado assuma sua responsabilidade e implemente políticas eficazes de prevenção, investigação e apoio às vítimas.

Especialistas destacam que os desaparecimentos forçados nas periferias do Rio de Janeiro e em outras áreas da América Latina estão ligados a disputas de poder entre facções criminosas, milícias e redes de contravenção. As práticas incluem sequestros, torturas, execuções e ocultação de cadáveres, configurando assim graves violações dos direitos humanos. Para a socióloga Nalayne Pinto, pesquisadora da UFRRJ, esse fenômeno é parte de um problema histórico relacionado à violência e ao controle territorial exercido por grupos armados. Durante o seminário, serão discutidas medidas como a tipificação do desaparecimento forçado como crime hediondo na legislação brasileira, a implementação de políticas públicas de apoio psicossocial e jurídico às famílias, o reconhecimento da responsabilidade do Estado em casos cometidos ou acobertados por agentes públicos, e a adoção de medidas eficazes para evitar a repetição desses crimes.

Além disso, o evento também abordará o contexto histórico latino-americano, destacando períodos em que opositores políticos, estudantes, ativistas e trabalhadores foram sequestrados por agentes estatais e mantidos em centros clandestinos, sem informações oficiais sobre o paradeiro. Essa prática deixou um legado de dor, impunidade e uma luta contínua por memória e justiça. A programação do seminário inclui diversos painéis, debates, exposições e lançamentos de livros, com a participação de especialistas e representantes de organizações locais e internacionais. O segundo dia de atividades promete continuar aprofundando as discussões e buscando soluções para esse grave problema que afeta a América Latina como um todo.

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