Senador Canedo: Após irregularidades justiça anula doações de áreas feitas por Fernando Pellozo

A Justiça acatou os pedidos do Ministério Público de Goiás (MPGO) e determinou a anulação de doações de áreas públicas municipais realizadas pelo prefeito Fernando Pellozo a empresas privadas locais. A decisão é fruto de 14 das 18 ações movidas pela 4ª Promotoria de Justiça de Senador Canedo.

A promotora de Justiça Tamara Cybelle Marques Oliveira do Amaral, titular da 4ª Promotoria de Justiça de Senador Canedo, ressaltou que as doações foram feitas sem o devido procedimento licitatório, o que permitiu a reversão dos imóveis ao patrimônio público do município.

As liminares também ordenam a suspensão de todos os atos subsequentes às doações impugnadas, incluindo a proibição de concessão de licenças, alvarás, e a realização de obras ou melhorias nas áreas públicas, além de qualquer ato de alienação ou garantia dos imóveis.

De forma preventiva, a promotora solicitou a declaração de inconstitucionalidade das leis que autorizaram essas doações, por violarem o artigo 37, caput e inciso XXI, da Constituição Federal e o artigo 92, caput e inciso XXI, da Constituição do Estado de Goiás, que regulam a administração pública direta e indireta, exigindo princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade e motivação.

Além dessas ações, a 4ª Promotoria de Justiça também ingressou com uma ação civil pública (ACP), pedindo a proibição de novas doações, cessões ou concessões de uso de áreas públicas municipais a entidades privadas sem a realização de licitação.

A ACP, que ainda aguarda apreciação judicial, estipula que tais atos devem cumprir formalidades administrativas, com critérios objetivos e requisitos claros, garantindo a publicidade de todas as etapas do processo. Em caso de descumprimento, serão aplicadas multas e outras sanções cabíveis.

Histórico

As irregularidades tiveram início na gestão anterior, entre os anos de 2017 a 2020, em que 19 (dezenove) contratos foram firmados pelo prefeito, à época, Divino Pereira Lemes e tiveram continuidade sob o comando de Pellozo. Desde 2021 até março de 2023, foram celebrados 21 contratos de cessão ou doação de áreas públicas sem a devida observância das normas legais.

O atual prefeito praticamente vem ignorado uma recomendação expressa do Ministério Público de abril de 2023, e continuou com sua política nefasta de alienação irregular de patrimônio público. Só em dezembro de 2023, entre os dias 27 e 29, foram aprovados às pressas mais de 30 projetos de lei para doações de áreas públicas, num valor total superior a R$ 76 milhões, sem qualquer justificativa plausível ou interesse público devidamente comprovado.

A tramitação desses projetos foi altamente questionável, com sessões extraordinárias realizadas de maneira abrupta e sem justificativa plausível para a urgência. Os trâmites legislativos foram conduzidos de forma obscura, sem a devida transparência e participação da população.

“Não se verifica nos PLs a alegada extrema urgência na apreciação de matéria cujo andamento torne inútil a deliberação posterior ou importe em qualquer dano à coletividade. Pelo contrário, a matéria, mal apreciada, analisada e votada, como foi, causou verdadeiro e grandioso dano à coletividade canedense”, diz o documento do MP.

“Com efeito, o dano a toda coletividade canedense é ainda maior quando se considera o valor de mercado dessas áreas, que é bem superior ao valor venal, sendo entregues gratuitamente pelos membros do executivo e legislativo a pessoas jurídicas escolhidas por critérios desconhecidos, completamente às margens da lei, após o encerramento do ano legislativo, para atender a interesses outros, que não o interesse público”, adiciona.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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