Senador inicia coleta de assinaturas para investigar atuação de Alexandre de Moraes

Ministro Alexandre de Moraes afirma que golpistas de 8 de janeiro tinham intenção de enforcá-lo
O senador Alessandro Vieira (MDB-RS) iniciou uma coleta de assinatura para um pedido de CPI que investigue a atuação do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar alega ilegalidades nos inquéritos das fake news e milícias digitais. A coleta de assinaturas, iniciada nesta segunda-feira, 16, visa apurar possíveis violações e abusos cometidos pelo magistrado.
 
Vieira argumenta que a iniciativa busca garantir transparência e investigar a legalidade das ações de Moraes à frente dos inquéritos, sem interferir no mérito das decisões judiciais. O senador elenca seis pontos principais que justificam a investigação: falta de transparência, violação ao sistema acusatório, desvio de função, inobservância de regras procedimentais, prorrogações indefinidas e carentes de fundamentação, além da imprecisão e vagueza dos escopos dos inquéritos.
 
O documento, obtido pelo jornal Gazeta do Povo, destaca que a CPI não tem como objetivo questionar o mérito das decisões judiciais, já que essa função não cabe ao Poder Legislativo. O foco, segundo o senador, reside em apurar exclusivamente a condução dos inquéritos e sua aderência aos princípios constitucionais e legais.
 
O pedido de CPI questiona, entre outros pontos, a restrição de acesso aos autos imposta por Moraes nos inquéritos sob sua responsabilidade no STF, a concentração de poder na figura do ministro e a falta de clareza em relação ao escopo do inquérito das fake news. O senador aponta para uma possível violação ao sistema acusatório e à ordem constitucional, alegando que o modelo adotado por Moraes se assemelha ao sistema inquisitório.
 
A iniciativa de investigar a atuação de Moraes surge após reportagens da Folha de S. Paulo revelarem que o ministro, quando presidente da Justiça Eleitoral, solicitava relatórios sobre alvos específicos para embasar medidas criminais no STF. Tais medidas incluíam bloqueios de perfis em redes sociais, apreensão de passaportes e conduções coercitivas. As revelações resultaram em dezenas de pedidos de impeachment contra Moraes, protocolados junto ao Senado Federal. 
O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ainda não se manifestou sobre o andamento dos pedidos, mas indicou que deve arquivá-los, argumentando que a solução para o caso seria a aprovação de leis que limitem o ativismo judicial.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Isso vai fechar em 0 segundos