Senadores aliados de Lula criticam decisão do presidente de prestar solidariedade à Venezuela
Enquanto assessores do governo comemoravam a aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, senadores aliados de Lula criticavam o presidente pela decisão de prestar solidariedade à Venezuela e dar declarações sugerindo que a polícia do Rio fez uma “matança” nos complexos do Alemão e da Penha.
Esses senadores reclamavam do posicionamento de Lula, depois que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o presidente viaja no domingo para Colômbia a fim de prestar solidariedade à Venezuela em reunião da Celac. Na avaliação destes senadores, isso acaba prejudicando as negociações com os Estados Unidos e gera desgaste junto ao eleitorado de centro.
“Parece que o Lula quer perder a eleição”, comentavam aliados do presidente. Senadores de partidos governistas lembravam ainda que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez ataques a Lula durante a eleição, que eles lembram ter sido fraudada, no país vizinho.
As críticas foram repassadas diretamente à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que acompanhou no plenário do Senado a votação do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Segundo os senadores que conversaram com a ministra sobre o tema, ela apenas ouviu as queixas dos aliados em relação às declarações de Lula e sua equipe sobre Venezuela e a operação no Rio contra traficantes.
Lula decidiu dar uma pausa nas reuniões da COP 30, em Belém, e viajará no domingo (9) para Colômbia, onde participará da reunião da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos, a Celac. Segundo o chanceler Mauro Vieira, Lula irá ao encontro prestar solidariedade à Venezuela e insistir que os países da América Latina querem manter a região como uma zona de paz.
A declaração de Mauro Vieira não foi bem recebida por outros assessores presidenciais. Eles esperam que o pronunciamento de Lula, na Colômbia, não faça uma defesa direta do governo de Nicolás Maduro, mas se posicione apenas na posição de que o Brasil não quer uma guerra na América Latina. Prestar solidariedade à Venezuela neste momento pode acabar gerando ruídos nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, prejudicando a busca de suspensão do tarifaço contra produtos brasileiros exportados para os EUA.




