Video mostra que senegalês morto no Centro de SP pela PM não estava vendendo mercadorias
O ambulante Ngange Mbaye morreu após ser baleado durante uma confusão com a Polícia Militar no Brás, no dia 11 de abril deste ano. Câmeras de segurança registraram que ele estava almoçando e que sua mercadoria não estava exposta quando foi agredido por agentes.
As câmeras mostram que o ambulante senegalês Ngange Mbaye, morto durante uma abordagem policial em abril deste ano, não estava vendendo produtos no momento da ação dos PMs.
As imagens registram a vítima saindo de um restaurante no Brás, onde havia almoçado. Pelo menos oito policiais militares estavam presentes. Ngange se levanta, caminha até o caixa e realiza o pagamento. Por volta das 13h55, ele deixa o restaurante e vai em direção à sua mercadoria, que havia deixado na calçada, sem nenhum produto exposto. Nesse momento, cerca de sete agentes estão na calçada conversando com outro homem.
A gravação também mostra a vítima e o homem recolhendo suas mercadorias e saindo, sendo seguidos pelos PMs. Nas imagens das agressões, os policiais tentam retirar os itens de Ngange. É possível ver um dos agentes o agredindo com um cassetete, e o ambulante reage com uma barra de ferro. Em seguida, um policial aponta uma arma na direção dele, sendo captado um som semelhante a um disparo.
Após ser socorrido, Ngange Mbaye não resistiu aos ferimentos no hospital. 66 entidades entraram com uma ação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA denunciando a violência policial em São Paulo. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que o caso está sendo investigado sob sigilo, com depoimentos, imagens e exames periciais em análise.
Um primo do vendedor relatou que Ngange Mbaye estava almoçando e tentou intervir quando viu policiais recolhendo mercadorias de uma idosa. Ele acabou sendo atingido por um disparo. A Polícia Militar alegou que o ambulante agrediu um PM com uma barra de ferro antes de ser baleado.
O Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante divulgou uma nota de repúdio pela morte do ambulante, exigindo uma investigação transparente e a responsabilização dos envolvidos. O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania também se manifestou, solicitando uma apuração rigorosa do caso e medidas para prevenir futuras ocorrências semelhantes.