Setembro Amarelo: entenda como o isolamento afetou a saúde mental das pessoas

Rio de Janeiro - Ato na orla de Copacabana marca o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. O evento faz parte da campanha Setembro Amarelo, que pretende informar para prevenir e estimular as pessoas a buscarem ajuda psiquiátrica ( Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O mês de setembro chegou ao fim e, com ele, mais um período de conscientização de Setembro Amarelo. Apesar do crescente medo da infecção por Covid-19 e das incertezas do confinamento, os resultados são encarados por especialistas de forma positiva.

Segundo a psicóloga Maris Eliana, o sucesso se dá por conta da inserção da discussão sobre temas de saúde mental nas comunidades. Ela defende que, ao conseguir inserir o debate com mais frequência em espaços como escola e comunidades cristãs, por exemplo, a sociedade permite que mais pessoas se conectem com a causa e busquem ajuda.

“O que me impressionou muito desde o ano passado é como crianças e adolescentes estão tomando iniciativa para buscar ajuda profissional”, explica.

Maris conta que atualmente é comum que pacientes com idade a partir de 10 anos já procurem os pais para dizer que possuem interesse em algum tipo de acompanhamento terapêutico, o que ocorre por conta da democratização do assunto.

Ela explica que são vários casos de mães que buscam o tratamento porque os filhos pediram para agendar, um fenômeno que ainda é relativamente novo até mesmo para os profissionais. “Agora, os filhos pedem para os pais porque eles sabem que existem profissionais que ajudam em algumas dores”, comenta. “É muito gratificante saber que a divulgação da causa, da possibilidade de suporte, gera isso. Se tudo correr bem, podemos até esperar uma queda nos números para o ano que vem.”

Suicídios no Brasil

Os números citados fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, divulgado em julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo o documento, o número de suicídios no Brasil em 2020 variou apenas apenas 0,4% em relação a 2019. Em números o absolutos, o crescimento foi de 12.745 para 12.895 casos.

Em Goiás

Em Goiás, os números subiram de 581 para 607, o que representa um crescimento de 3,1% em relação ao ano anterior, e um total de 8,5% de todos os suicídios do país. No início da pandemia, um grupo de 21 países integrou uma pesquisa sobre tendências de suicídio nos primeiros meses de isolamento. O estudo foi publicado na Lancet Psychiatry em abril de 2021 e concluiu que não houve aumento nas taxas de suicídio no espectro estudado.

O material, entretanto, ressalta que não foi possível expandir a análise para países de renda média e baixa, uma vez que o sistema de registro de óbitos de alguns desses locais não é suficiente para oferecer dados sobre essas mortes em tempo real. O estudo também destaque que o cruzamento de dados com fatores econômicos é crucial para analisar a situação. Isso porque, diante do cenário de isolamento, muitos governos liberaram programas de apoio financeiro aos cidadãos, o que contribui para maior estabilidade e saúde mental. Por outro lado, à medida que esse tipo de apoio chega ao fim, os níveis de estresse e ansiedade podem voltar com maior força.

Cenário positivo

Maris destaca que, também por conta do início da pandemia, pacientes com ideação suicida ou outros quatros de saúde mental passaram a procurar mais atendimento, já que ficaram diante de frustrações ainda maiores. O resultado, no entanto, deve ser celebrado por provocar uma transformação positiva no cenário.

“Antes, a pessoa se angustiava e não sabia para quem falar, era algo muito solitário e silencioso. Agora, com o volume de campanhas por aí, temos conversas naturais sobre o tema, pessoas que começam a questionar várias coisas e entendem que podem buscar ajuda.”

Entre adolescentes, por exemplo, as frustrações passam pela fase de amadurecimento em lidar com frustrações, dos mais variados graus de intensidade. Segundo a psicóloga, os casos pode começar com debates que parecem simples, mas levam a descontroles e desconfortos que precisam de algum acompanhamento.

 

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Câncer de pele: Como identificar manchas perigosas e prevenir o risco

A gerente de enfermagem Renata vivenciou uma experiência que transformou sua perspectiva sobre cuidados com a saúde. Após ter sido orientada a realizar acompanhamento médico anual devido a uma lesão pré-cancerígena, ela negligenciou a recomendação. Anos depois, uma consulta devido a uma mancha no rosto a fez descobrir um melanoma em estágio inicial, um dos tipos mais agressivos de câncer de pele. A detecção precoce e remoção rápida garantiram um desfecho positivo.

O caso de Renata ressalta a importância do diagnóstico precoce no câncer de pele, a forma de tumor mais comum no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O melanoma, em particular, é o tipo mais raro e agressivo, e o diagnóstico rápido pode ser decisivo para a cura. Marina Sahade, oncologista do Hospital Sírio-Libanês, destaca os principais sinais de alerta, como mudanças na cor, tamanho e textura de pintas ou manchas, além do aparecimento de sangramento ou coceira.

Como identificar manchas suspeitas? A dermatologista Luísa Juliatto, do Alta Diagnósticos, orienta que é preciso ficar atento a pintas novas, em crescimento, com cores variadas ou formas irregulares. Também é importante observar pintas antigas que apresentem alterações. Feridas que não cicatrizam, sangramento, dor ou crescimento rápido de uma lesão também são sinais que demandam atenção médica. Para confirmar se a mancha é cancerígena, exames como dermatoscopia e ultrassom dermatológico podem ser necessários. Quando há suspeita, a biópsia de pele é essencial para o diagnóstico final.

Juliatto recomenda consultas dermatológicas anuais, especialmente se não houver histórico de câncer na família. Caso contrário, é importante um acompanhamento mais próximo com o especialista.

Quais manchas não são perigosas? Nem todas as manchas na pele são preocupantes. Manchas solares, sardas (efélides), ceratoses seborreicas e melasma geralmente não são sinais de câncer. Além disso, os nevos comuns, conhecidos como pintas benignas, também não são motivo de alarme.

Fatores de risco e prevenção A exposição solar excessiva e repetitiva, especialmente durante a infância e adolescência, é o principal fator de risco para o câncer de pele. Pessoas com pele clara, olhos e cabelos claros, ou com histórico familiar de câncer de pele, têm maior predisposição à doença. No entanto, é importante ressaltar que até pessoas negras podem ser afetadas.

No caso de Renata, a pele clara e o histórico familiar de câncer de pele de seu pai contribuíram para o desenvolvimento do melanoma. Após o diagnóstico, ela passou a adotar medidas rigorosas para proteger sua pele, como o uso diário de bloqueador solar e roupas especiais de proteção UV, além de evitar a exposição ao sol nos horários de pico.

Para prevenir o câncer de pele, a dermatologista recomenda:

  • Aplicar protetor solar com FPS mínimo de 30 a cada duas horas;
  • Evitar exposição solar entre 10h e 15h;
  • Utilizar barreiras físicas, como roupas com tratamento UV, boné, óculos de sol e guarda-sol.

Essas precauções são essenciais para reduzir o risco de câncer de pele e garantir uma rotina de cuidados adequados com a saúde da pele.

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