Levantamento da 7ª edição do relatório “Tendências”, da consultoria Ecossistema Great People & GPTW, mostra que 48% das empresas em Goiás já usam alguma ferramenta de IA para otimizar o negócio.
O índice coloca o Estado entre os mais adiantados do País na adoção de soluções digitais. Setores que mais utilizam a ferramenta são contabilidade (80%), gestão de pessoas (59%) e tecnologia (57%). Ou seja, o uso começa pelo escritório, não pela linha de produção.

Diretor da Faculdade Senai Fatesg, Weysller Matuzinhos explica que a maior parte das indústrias goianas utiliza IA para automatização de tarefas, elaboração de orçamentos, recrutamento e análise de dados.
“Há exemplos locais de uso de IA para seleção de candidatos, como a assistente ‘Cindy’, feita em Goiânia para bares e restaurantes e para orçamentos em seguradoras, a partir de imagens de veículos danificados”, diz.
De acordo com Matuzinhos, as empresas buscam pessoas qualificadas para promover essa transformação digital. E procuram, primeiramente, o Senai, porque é uma instituição criada para atender a indústria.

Educação que transforma
A empresa Integra Sistemas – que desenvolveu software de gestão e automação para oficinas, serviços e indústrias – firmou parceria com o Senai para incluir a aplicação da IA na produção dos seus serviços.
Segundo o diretor administrativo da companhia, Willian Ferreira, o objetivo é tornar o sistema mais inteligente para o gestor: “O usuário vai poder perguntar: me informe quais foram os produtos mais vendidos no período de janeiro de 2025 a junho de 2025 para clientes do Mato Grosso e que ainda tenho em estoque. E o sistema vai trazer a resposta de forma humanizada”, revela.
Ele compara o recurso a um “chat” conectado ao banco de dados da empresa. Willian afirma que a demanda vem do próprio mercado: “A gente acredita que, daqui pra frente, quem não tiver recurso de IA vai ficar para trás.”
Para ele, a situação lembra o momento da nota fiscal eletrônica: quem demorou, perdeu cliente. “Hoje, muitos clientes já recorrem a ferramentas de IA na internet para tirar dúvidas de tributação. Então, se o sistema não oferecer isso, o usuário vai procurar fora”, completou.
IA usada para alavancar as vendas
A adoção de IA não está restrita a quem é de tecnologia. A estudante de Inteligência Artificial do Senai Karen Lemes atua em gestão comercial e decidiu estudar o tema depois de usar IA em vendas. “Meu primeiro contato com inteligência artificial foi em ferramentas para vendas em um projeto de aumento de performance do time. A maneira como a IA facilita a execução de tarefas foi o que despertou meu interesse”, disse. Karen afirma que, mesmo estando no primeiro período do curso, já sente impacto no trabalho.
“Os aprendizados já refletem no meu desenvolvimento profissional, tornando possível a criação de soluções para o meu dia a dia que facilitam e otimizam tarefas.”
Karen também vê Goiás em uma posição de destaque em relação a outros Estados brasileiros. Para ela, boa parte das empresas já utiliza alguma ferramenta de IA na rotina, e busca a tecnologia também na otimização de processos produtivos. “Em um futuro muito breve, a inteligência artificial será um pilar inegociável para aumento da produtividade”, acredita.

Falta de profissionais qualificados atrasa avanço da IA em Goiás
Em 2025, aconteceu o lançamento do Programa Senai de Inteligência Artificial Industrial e, em Goiás, a Fatesg é a interlocutora do programa.
O movimento citado por Matuzinhos faz parte de uma agenda nacional. O Senai ajuda empresas a escrever projetos e captar recursos para implantar soluções de IA que integrem sistemas de gestão (ERP), sensores industriais (IoT) e análise de dados.
Atualmente, o principal desafio para os gestores é a falta de mão de obra qualificada. Matuzinhos afirma que há empresas “batendo à porta” em busca de profissionais para tocar projetos de IA e transformação digital.
“Temos empresas nos procurando o tempo inteiro e, às vezes, não fazemos mais porque não temos braço. Não existe uma região do Brasil aplicando mais e outra menos. Todas estão no mesmo nível de busca. O que define a velocidade é a capacidade de qualificar o time.”
Escolas do Sesi terão IA como disciplina de graduação em 2026

O avanço da inteligência artificial (IA) tem transformado o cenário industrial em Goiás. Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha, o setor atravessa um momento de modernização acelerada, impulsionado pelo trabalho de formação profissional desenvolvido pelo Sesi e pelo Senai.
“Estamos capacitando cada vez mais estudantes para que aprendam a lidar com o dia a dia da inteligência artificial. A partir do próximo ano, todas as salas de aula das escolas do Sesi terão a IA como disciplina na graduação”, afirma Rocha.




