O presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Roberto Perosa, afirmou em entrevista à CNN que o setor de carnes no Brasil está otimista quanto à possibilidade das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos à carne bovina serem retiradas em um prazo de 30 a 60 dias. Este cenário favorável surge após o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que concordaram em iniciar negociações para revisar tarifas e sanções aplicadas a produtos brasileiros, incluindo a carne bovina, que atualmente enfrenta tarifas de até 40% sobre as exportações para os EUA. A reunião entre os líderes aconteceu em 26 de outubro durante a cúpula da ASEAN na Malásia.
Perosa, presente no encontro, ressaltou que a vontade política demonstrada pelos presidentes abriu caminho para um diálogo técnico acelerado entre os dois países, o que tem gerado otimismo no setor de carnes brasileiro. Ele destacou que as reuniões subsequentes ao encontro dos presidentes têm sido positivas e sugerem a possibilidade de uma remoção das tarifas adicionais em breve, o que beneficiaria o comércio da carne bovina entre os países.
Antes da imposição das tarifas, as exportações brasileiras de carne bovina para os EUA estavam batendo recordes, sendo bruscamente interrompidas com a aplicação das taxas, que elevaram os custos de importação para cerca de 76%. A expectativa é que, com a possível retirada das tarifas, o Brasil retome e amplie seu volume de exportação, favorecendo as indústrias e toda a cadeia pecuária nacional. Perosa também destacou a injustificada manutenção das tarifas, considerando que o Brasil exporta mais carne para os EUA do que importa. O presidente da Abiec ressaltou a importância do atual momento ser aproveitado para fortalecimento de estratégias e negociações governamentais entre Brasil e EUA.
Apesar do otimismo com a perspectiva de abertura do mercado norte-americano, Perosa enfatizou que a prioridade continua sendo o abastecimento interno do Brasil. Cerca de 70% da produção de carne no país é destinada ao mercado interno, enquanto 30% é exportada. A preferência por cortes menos consumidos no Brasil, que têm maior valorização na Ásia, auxilia a equilibrar os preços internos e evitar desabastecimento no mercado local. A Abiec tem acompanhado de perto as negociações e tem expectativas positivas quanto à resolução adequada da questão das tarifas de importação de carne bovina para os EUA.




