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Sex shops de Goiânia se reinventam apostando no delivery e na imaginação

Última atualização 23/03/2022 | 12:20

A mente humana não tem limites e quando se fala de sexo, tudo é possível. É justamente a imaginação que fez do mercado dos sex shops uma aposta certeira para investir durante a pandemia. O isolamento social fez pessoas solteiras ou em um relacionamento buscarem prazer de forma menos convencional por meio da entrega em domicílio. O resultado foi aquecimento de 12% nas vendas de acessórios para dar asas à criatividade, conforme dados da Associação Brasileira do Mercado Erótico (Abeme).

O artista plástico Mauro (nome fictício) conheceu o serviço dos sex shops em delivery ainda em 2020. Ele diz que estava solteiro e foi conversando com um amigo que soube dessa modalidade. “Eu já tinha ido a uma loja física e comprado coisas mais simples, mas fiquei sozinho por meses e não podia encontrar ninguém por causa da Covid. Resolvi perder a vergonha e matar a curiosidade. Acabei conhecendo um monte de coisas que eu nem sabia que existiam”, confessa.

A história dele é a mesma de muitas outras que se descobriram o setor no mesmo período. Apostar nesse segmento nunca foi planejado pela empresária Angélica Silva, porém o desemprego a levou uma vaga temporária em uma loja do gênero. O fim do contrato foi o empurrão necessário para trilhar os primeiros passos nesse ramo. Agora, dois anos depois, ela comemora a decisão. O boom de vendas, principalmente a partir do ano passado, exigiu mais de logística da empresa e mais paciência dos clientes.

“Vendo 80% a mais atualmente em relação ao fim de 2021. Atuamos com o delivery desde o início. As entregas são feitas exclusivamente pelo meu marido porque nosso cliente quer discrição. Não colocamos nome na fatura, enviamos tudo embaladinho dentro de uma sacola sem identificação e a maioria pede para deixar os produtos na própria casa ou no trabalho. Fora esses lugares, as encomendas são deixadas em hotéis. Em motel é raro”, afirma a proprietária da Yes Sex.

Os pedidos costumam ser feitos por mulheres casadas de 18 a 40 anos interessadas em apimentar a relação com os companheiros. Apesar disso, a sex shop atende senhoras acima de 60 anos com e sem relacionamento. ”Nosso delivery é a partir de R$70 em produtos, mas se não for muito longe, a gente não cobra. Para Aparecida de Goiânia, nós fazemos o frete grátis com R$100 em produtos, no mínimo”, afirma.

De acordo com Angélica, a maioria já sabe o que quer sendo cosméticos, lubrificantes e gel comestível os mais procurados. Nesse mundo de possibilidades, Angélica já não se escandaliza com o catálogo de produtos do mercado, que vai de um anel peniano de R$4,99 a vibradores e masturbadores custando até R$800. No entanto, um item chama atenção de Angélica. “É um produto que tem boca, vagina e ânus em uma estrutura só”, ri.

Graças às entregas e aos aplicativos, o contato entre cliente e sex shop ficou mais próximo, embora o sigilo e a formalidade sejam a alma do negócio. A fórmula foi responsável por transformar o delivery em preferido em 70% das vendas e a negociação por mensageiros como a mais escolhida whatsapp em 90% das conversas, conforme dados da Abeme. Com a expansão do segmento, as lojas começaram, inclusive, a se especializar em nichos como o evangélico, por exemplo.