Última atualização 20/03/2022 | 04:07
Além do impacto para as famílias, o aumento nos preços do gás e combustíveis, anunciado no dia 10 pela Petrobras, preocupa as próprias distribuidoras. Pelo receio de queda nas vendas e dificuldade de manter o orçamento no azul, os estabelecimentos podem vir a fechar as portas. Este pode ser o caso de 10% de todas as distribuidoras goianas, nos próximos dois meses, conforme estimativa do Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás da Região Centro-Oeste (Sinergás).
De acordo com o presidente da entidade, Zenildo Dias do Vale, com o reajuste de 16%, o botijão chega a R$ 130, em Goiânia, sendo que antes era encontrado pelo preço mínimo de R$ 110. Na média geral do estado, os preços variam de R$ 127 a R$ 140. “Ou a gente repassa o aumento, ou fecha as portas”, afirma. Segundo ele, já há consumidores parcelando o gás em até três vezes no cartão.
Por outro lado, ainda que o reajuste seja repassado, Zenildo prevê queda nas vendas. Segundo ele, o consumidor tenderá a usar estratégias para reduzir o uso do gás, como aquecer comida pelo microondas, ainda que isso represente aumento na fatura de energia.
“As vendas já tinham caído 20%, em Goiás, ano passado. E devem cair mais uns 10%. Só em 2021, o gás aumentou 56%. Em janeiro estava R$ 70, hoje encontramos até por R$ 140. O problema são os governantes e a Petrobras”, argumenta o presidente do Sinergás.
Bares e restaurantes
O preço do gás a granel saltou de R$ 5, há alguns meses, para R$ 8. Impacto direto aos estabelecimentos em que o produto é essencial: bares e restaurantes. “Na realidade, o reajuste da Petrobras é mais um aumento, já estamos com uma série de problemas de elevação dos custos: gás, energia elétrica, combustível, preços de verduras e carnes. A caixa de cenoura, por exemplo, historicamente só havia chegado a custar R$ 70. Hoje, custa R$180 e isto vem acontecendo com uma série de produtos”, relata o presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes do Município de Goiânia (SindiBares), Newton Pereira.
Ainda conforme relatou o presidente do sindicato, os reajustes nos insumos devem ser repassados para o consumidor, não só no preço do quilo no self-service, mas também no à la carte e nas demais modalidades. No entanto, Newton não especificou uma média de aumento dos preços, afirmando que depende de cada estabelecimento, de acordo com tamanho e serviços prestados.
“Estamos em um momento muito complicado. Por conta da pandemia, muitos proprietários estão endividados com empréstimo financeiro que fizeram. A maioria fez com a taxa [de juros] Selic a 2,5% e hoje está em 11,5%. É impraticável. Se não tivermos ação do Banco Central e do governo federal para fixar de alguma forma os custos das operações financeiras, tememos muita inadimplência ou muita quebradeira no setor”, argumenta Pereira.