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Sítio arqueológico de mais de 3 mil anos é encontrado em Montes Claros de Goiás

Última atualização 01/02/2022 | 10:47

Milhares de artefatos foram recolhidos em um sítio arqueológico de 3.520 encontrado em Montes Claros de Goiás, região ao oeste do estado, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ao G1, o coordenador de campo da pesquisa e arqueólogo, Matheus Araújo, da empresa Sapiens Arqueologia, explicou que a descoberta foi feito após uma solicitação do órgão, para licenciamento ambiental em uma área de plantio de cana-de-açúcar.

“A gente está vibrando, porque não é fácil encontrar um sítio arqueológico com uma preservação tão grande. É uma conquista não só para a comunidade científica, mas para o público em geral, pois podemos falar um pouco de como nossos antepassados eram antes da chegada dos colonizadores”, comemora Matheus.

O Iphan aponta que foram encontradas pinturas rupestres, e 3.229 artefatos de pedra e cerâmica, como pedaços de vasilhames, ferramentas de corte e raspadores de pedra, além de restos ósseos de mamíferos e porções de carvão. No mesmo local, a pesquisa identificou a passagem mais recente de outro grupo de pessoas, antes da colonização, mas a data deste não pode ser confirmada.

Matheus Araújo explica que o achado é muito significante para a ciência. De acordo com ele, é muito difícil encontrar sítios arqueológicos nas condições como estes de Montes Claros de Goiás, com quantidade grande de vestígios, grupos distintos e datação.

“A datação mais antiga é de 3.520 anos, eram grupos humanos que não fabricavam muitos utensílios, mas lascavam pedras e rochas para caçar. Nós conseguimos a datação após encontrar amostras de Carbono 14 em pedaços de carvão”, explica o profissional.

Após autorização do Iphan, amostras de carvão foram encaminhadas para o Laboratório Beta Analityc, em Miami, nos Estados Unidos, para datação por radiocarbono, que confirmaram a ”idade” do sítio.

Segundo a Iphan, o sítio foi identificado em 2019, mas o resgate, que é o salvamento do sítio, apenas foi feito em janeiro deste ano. O instituto explica que até um sítio ser descoberto ele passa por diversas fases, primeiro a identificação, depois a delimitação e, por fim, o resgate.

Grupo conhecido como ”caçadores-coletores”

O Iphan explica que o primeiro grupo que passou pelo sítio é considerado como humanos ”caçadores-coletores”. Já o segundo, de horticultores-ceramistas que, segundo o coordenador de campo Matheus, usavam os vasilhames para guardar água e comida.

“Para a segunda datação não achamos carvão para definir com certeza, mas relacionamos à uma tradição arqueológica que indicou que ele não é mais antigo que o primeiro”, pontua Matheus.

As escavações alcançaram 2,5 metros de profundidade e foram encontrados mais de 3 mil artefatos de pedra e cerâmica. A área, que fica no Parque Industrial do Setor Elétrico de Bioenergia, foi delimitada em 7.640 m².

O coordenador da Sapiens Arqueologia menciona que o sítio foi denominado de “Toca da Anta”, pois tinham animais morando no local, que é uma espécie de abrigo rochoso. Matheus aponta que o primeiro levantamento e cadastro do sítio no Ipahn foram feitos em 2019, mas que as escavações foram realizadas de maio a agosto de 2021.