Sócio proprietário do Grupo do Privê é preso em Goiânia por pornografia infantil

Sócio proprietário do Grupo do Privê é preso em Goiânia por pornografia infantil

O empresário Marco Thulio Alves Pereira Bastos, de 37 anos, sócio-proprietário e administrador de empresas do Grupo Privê, preso em flagrante pelo crime de armazenar material pornográfico infantojuvenil, pagou fiança de R$ 12 mil reais e está em liberdade provisória, sendo investigado ainda por instigar o estupro de um menino de 10 anos e de outras crianças. A investigação é feita pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC). De acordo com delegado Daniel de Oliveira, que investiga o caso, o empresário pagava os pacotes de material pornográfico infantojuvenil por transferências via PIX e recarga de celular.

Executivo do Grupo Privê Marco Thulio havia sido preso, suspeito de agenciar menores |PC/GO

A identidade dele não foi revelada pela Polícia Civil, mas o Diário do Estado teve acesso às informações da Vara de Custódia no site do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, e entrou em contato com funcionários do Grupo Privê, que atua em Caldas Novas (GO), na capital e em outros estados da União, que confirmaram que Marco Thulio havia sido preso, suspeito de agenciar menores para sexo, em Goiânia. Casado e pai de uma criança de 2 anos, ele é apontado pela Polícia Civil como a pessoa que in stigou um segundo investigado a praticar atos sexuais com adolescentes e crianças, incluindo o irmão de 10 anos de idade, que foi estuprado. O caso segue em investigação e ainda não se tem o número de vítimas dos crimes.

Durante a operação da Polícia Civil de combate a crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, foram feitas buscas e apreensões de material na casa de Marco Thulio em um condomínio fechado da capital e na sede de uma das empresas do Grupo Privê das quais ele é sócio-proprietário e administrador – W7 Brasil Negócios Inteligentes, W7 Brasil Participações e Investimentos Ltda, WAM Comercialização ou MDV Holding -, que funcionam no Edifício Metropolitan, na Avenida Jamel Cecílio, no Jardim Goiás, conforme consulta ao Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Ele também é sócio da A&B Holding Investidora e Restaurante Ltda, com sede na Avenida Niemeyer, em São Conrado, no Rio de Janeiro.

Segundo a investigação, Marco Thulio mantinha conversas pelo WhatsApp sobre o agenciamento de crianças e adolescentes para a prática de sexo, além de pagar pelo fornecimento de links com pacotes de fotos e vídeos de teor pornográfico infantil. O conteúdo apreendido ainda não revelou, ou ainda não houve divulgação, de que crianças e adolescentes em Goiás, São Paulo e no Nordeste tenham sido aliciadas neste esquema. É que o principal suspeito tem acesso aos empreendimentos do grupo, onde centenas de milhares de crianças e adolescentes vão com suas famílias para passeios nos parques aquáticos anualmente.

De vendedor à sócio das empresas

O empresário Marco Thulio Bastos, identificado em material publicitário de 2020, em um curso de Imersão e Mentoria em Multipropriedade, como diretor administrativo e financeiro da W7 Brasil, figura como referência em multipropriedade na América Latina. Ele foi preso pela manhã no dia 11, terça-feira, pela Polícia Civil, passou pela audiência de custódia virtual às 19h34 do mesmo dia e solto logo depois de pagar a fiança de R$ 12 mil reais ainda na delegacia.

O empresário Marco Thulio Bastos, identificado em material publicitário de 2020, em um curso de Imersão e Mentoria em Multipropriedade, como diretor administrativo e financeiro da W7 Brasil. | Arquivo DE

 

Segundo funcionários do Grupo Privê ouvidos pelo Diário do Estado, Marco Thulio veio da Vale do Rio Doce, começando no pós-vendas no Privê de Olímpia, em São Paulo, como vendedor. Depois que veio para Goiânia para ser Diretor de Controladoria, chegando a ser executivo da W7 Brasil, empresa em que acabou se tornando sócio. Em pouco tempo já era sócio e administrador de outras empresas do grupo.

Nota à imprensa

A Assessoria de Comunicação do Grupo Privê encaminhou nota informando que “a notícia foi recebida com supresa, indignação e repúdio” e que a “direção reitera não compactuar com a conduta, que fere o modelo de ética e governança defendido pela empresa. Por isso, independente da conclusão do inquérito, o investigado já foi desligado de suas funções”.

A nota ainda informa que Marco Thulio era sócio da empresa MDV,” que embora seja uma das sócias do Grupo, atuava em projeto específico e sem qualquer relação com a investigação”. O Diário do Estado pesquisou no site da Receita Federal e o empresário figura como sócio proprietário e administrador em outras empresas do grupo.

Novo João de Deus?

O Diário do Estadoentende que o Grupo não tem participação na conduta criminosa investigada pela Polícia Civil, mas não pode se furtar em oferecer ao seu público a informação correta, ainda mais quando crianças e adolescentes tiveram sua dignidade sexual violada no conteúdo apreendido pelas autoridades. Entendemos que a defesa alegue que a empresa não é responsável pelas condutas do empresário, mas o Diário do Estado se sente no dever de divulgar o caso para que outras possíveis vítimas possam denunciar possíveis crimes cometidos contra elas.

É papel da imprensa trabalhar para informar corretamente seu público. Foi assim que casos como o do médium João de Deus, que abusou sexualmente de mais de 250 vítimas, mulheres com idades entre 9 e 57 anos, nos 45 anos em que atuou como guru espiritual em Abadiânia, ganharam repercussão nacional e foram investigados pela polícia, julgados e condenados pela Justiça. João Teixeira de Faria foi condenado a mais de 108 anos de prisão e está preso.

Grupo Privê

Waldo Palmerston fundador do Grupo Privê | Arquivo DE

 

Em um primeiro contato por telefone o empresário Waldo Palmerston disse que o empresário não fazia parte do quadro societário do grupo, alegando que Marco Thulio era apenas “diretorzinho de merda”. A informação foi desmentida por meio de nota do grupo, após o DE constatar que Marco Thulio é sócio-proprietário das principais empresas do grupo conforme documentos da Receita Federal. Fundado na década de 60 pelo empresário Waldo Palmerston o Grupo Privê começou suas atividades em Rio Quente em Goiás e hoje controla mais de 80% das vendas de cotas imobiliárias no Brasil. O grupo esta presente na Bolsa de Valores com um faturamento na casa dos R$ 3 bilhões por ano.

Empresário diz em depoimento que mantinha seus desejos no “âmbito de fantasias”

Empresário Marco Thulio | Arquivo Em seu depoimento no termo de interrogatório, o empresário Marco Thulio Alves Pereira Bastos, de 37 anos, preferiu ficar em silêncio na maioria das perguntas formuladas pela Polícia Civil, contudo disse que está arrependido e que irá colaborar com as investigações. No documento, ele revela o nome do segundo investigado, Ronilson da Silva Sousa, que conhece há 3 anos e que através de uma rede social passou a receber material com pornografia infantojuvenil, fazendo recargas no celular dele.

Ele foi perguntado sobre o agenciamento de crianças e adolescentes para a prática de sexo e respondeu que teve esse tipo de conversa com Ronilson, mas que nunca teve a intenção de concretizar nada no campo da realidade, “mantendo seus desejos apenas no âmbito de fantasias”.

 

Leia a nota na íntegra:

Nota à Imprensa
“Assim como toda sociedade fica estarrecida ao tomar conhecimento deste tipo de fato, a notícia foi recebida com surpresa, indignação e repúdio. A direção reitera não compactuar com a conduta, que fere o modelo de ética e governança defendido pela empresa. Por isso, independente da conclusão do inquérito, o investigado já foi desligado de suas funções. Importante esclarecer ainda, que o investigado era sócio da empresa MDV, que embora seja uma das sócias do Grupo, atuava em projeto específico e sem qualquer relação com a investigação.
Goiânia, 12 de Janeiro de 2022.”

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Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

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