Última atualização 09/05/2022 | 12:06
Fruto do amor de um casal ou de um solteiro, o sonho de ter um filho pode ser concretizado com a ajuda da medicina reprodutiva. O único empecilho ainda não vencido pela ciência é a idade da mulher, que reduz bastante as chances de sucesso no tratamento. Técnicas como o congelamento e doação de óvulos surgem como as mais seguras para postergar a maternidade ou paternidade.
O especialista Ricardo Pimentel alerta para a necessidade de ginecologistas e pacientes conversarem sobre as possibilidades de gerar o filho quando elas entram na casa dos 30 anos. Segundo ele, a desinformação dá às mulheres a ilusão de controle do tempo embora os óvulos envelheçam e atrapalhem a realização de uma possível gestação. Apesar disso, a medicina reprodutiva evoluiu nas últimas décadas, principalmente na parte diagnóstica, e resolve maior parte dos fatores relacionados à infertilidade com sucesso.
“A última resolução do Conselho Federal de Medicina orienta que as técnicas de medicina reprodutiva podem ser aplicadas em mulheres de até 50 anos, mas as técnicas de reprodução assistida deve ser oferecida às mulheres desde que haja custo-benefício, ou seja, previsão de resultado palpável. A pergunta então é até quando insistir com os óvulos próprios já que eles têm a mesma idade da mulher e não conseguimos reverter esse efeito idade. Após os 43 anos, não existe mais um custo-benefício financeiro e emocional”, alerta.
Nesses casos, o ideal seria a ovodoação, que é a fertilização com o óvulo de uma doadora. O processo é semelhante tanto para casais homoafetivos masculino, feminino e transgêneros com a doação de óvulo e útero de substituição ou sêmen, respectivamente. No último caso, é permitida a gestação compartilhada quando o embrião do óvulo de uma das parceiras pode ser transferido para o útero de outra parceira.
“Como alternativa para preservar a fertilidade, temos o congelamento de óvulos, espermatozóides ou embriões, que apresentam taxas de sucesso de descongelamento excelentes. A mulher atinge um limite biológico mais expressivamente a partir dos 40 anos. Muitas técnicas estão sendo desenvolvidas mundo afora com o objetivo de conseguirmos rejuvenescer o ovário e, consequentemente, o óvulo. Porém ainda são resultados empíricos e inconclusivos”, pontua Ricardo.
As possibilidades desse ramo da medicina se baseiam no coito programado (indução da ovulação), na inseminação intrauterina e a fertilização in vitro. A indicação varia conforme o diagnóstico. Os valores também são flexíveis começando na faixa dos R$300, passando por R$3 mil e alcançando os R$20 mil, para cada uma das técnicas, respectivamente. O médico chama atenção para os custos laboratoriais que, de acordo com ele, pesam no investimento. Ele cita como justificativa que a precificação de equipamentos e medicamentos é em dólar.
“Pode ser tarde quando a paciente concluir as expectativas profissionais e de relacionamento para aí sim decidir ter um filho. Ela pode congelar ainda jovem e decidir engravidar até os 44 anos porque ele não perde a qualidade e já está congelado. Paciente de 30 a 32 anos, quando não tem perspectiva de engravidar nos próximos dois ou três anos, tem a possibilidade de congelar o óvulo. Dos 35 aos 37, quanto antes congelar, melhor”, enfatiza o especialista em reprodução humana.