Sonolência diurna pode sinalizar risco de perda cognitiva em idosos
Distúrbios como apneia podem estar por trás do problema; sono de boa qualidade é
essencial para a consolidação da memória
Idosos que apresentam sonolência diurna têm maior risco de desenvolver uma
síndrome associada à demência, sugere um novo estudo publicado no periódico
Neurology, liderado por pesquisadores da Universidade de Tours, na França.
Segundo o artigo, há evidências de que distúrbios do sono estão
relacionados com maior risco de declínio cognitivo. No entanto, ainda não se
sabe se dormir mal também teria relação com uma síndrome que antecede a demência
e que envolve queixas cognitivas e alterações motoras, como redução da
velocidade da marcha.
Para investigar essa associação, os pesquisadores acompanharam, durante três
anos, 445 voluntários com mais de 65 anos e sem demência.
Logo no início, todos responderam a questionários para avaliar queixas
cognitivas e a qualidade do sono, incluindo perguntas sobre episódios de acordar
no meio da noite, demora para adormecer, sonolência ao dirigir ou em atividades
sociais, além de disposição para atividades diárias. A velocidade da caminhada
foi avaliada anualmente em testes de esteira.
Ao fim do acompanhamento, os resultados mostraram que 35,5% dos que apresentavam
sonolência diurna excessiva desenvolveram sintomas da síndrome, contra apenas 6,7% dos demais. Embora a
pesquisa não aponte uma relação de causa e efeito, o risco de desenvolver os
sintomas de perda cognitiva foi três vezes maior naqueles que dormem mal,
conclui o estudo.
> “A consolidação da memória se dá durante o sono e, para que isso ocorra,
> dormir bem é essencial”, explica o neurologista Ivan Okamoto, do Hospital
> Israelita Albert Einstein. “A sonolência diurna pode sinalizar que a pessoa
> não está tendo um sono noturno de qualidade e provavelmente não tem a
> arquitetura de sono adequada. Portanto, é um sinal de alerta, algo que deve
> ser investigado.”
Distúrbios como apneia e fatores como estresse e luto podem estar por trás do
problema. Para os autores, os resultados reforçam a necessidade de procurar
ajuda diante de sinais de sono de má qualidade para prevenir perda cognitiva
no futuro.
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