Jogadoras de Bragantino e São Paulo relatam machismo de arbitragem em jogo do
Paulistão Feminino
Stella Terra, do Massa Bruta, e Aline Milene, do Tricolor, afirmam que ouviram
falas machistas durante partida desta quinta-feira
As jogadoras Stella Terra, do Red Bull Bragantino, e Aline Milene, do São Paulo, relataram casos de machismo da arbitragem da partida entre as equipes nesta quinta-feira, 15, pela segunda rodada do Paulistão Feminino.
1 de 1 Stella Terra, do Bragantino, em partida contra o São Paulo — Foto: Anderson Lira/Ag. Paulistão
Stella Terra, do Bragantino, em partida contra o São Paulo — Foto: Anderson Lira/Ag. Paulistão
Segundo as atletas, o árbitro Juliano José Alves Rodrigues teria proferido falas machistas contra atletas de ambas equipes durante o jogo. Aos 20 minutos do segundo tempo, antes de uma cobrança de falta a favor do Bragantino, as imagens da transmissão mostram Stella erguendo os braços e fazendo o gesto para denunciar o caso.
– O meu episódio foi um dos que aconteceu. Ele virou para mim e disse: “na hora certa, vou te pegar”. Trouxe a Aline (Milene) aqui porque elas viram e ouviram. Não é questão de “ah, estava perdendo”. Todo mundo ouviu falas preconceituosas, machistas, com o Red Bull bragantino, com jogadoras do São Paulo. Fiz o sinal. A Federação adotou o protocolo de, em qualquer momento de algum preconceito, fazer o sinal. Nada aconteceu. Uma situação muito triste. Medidas tem que ser tomadas – disse Stella Terra em entrevista à TNT Sport após a partida.
– Não pode isso acontecer no futebol feminino. Quando os homens vem apitar, acham que podem falar como bem entendem. Tem que ter respeito. Sofri a mesma coisa ali. Falou que iria dar falta quando quiser. Não é assim, tem que ter respeito. Quando a Stella faz esse gesto, falei para parar (o jogo). Não é desse jeito que tem visto. A Federação faz um trabalho grande para uma coisa dessa acontecer? Ambiente tem que ser respeitoso – afirmou Aline Milena.
FEDERAÇÃO DIZ QUE VAI APURAR O CASO
Por meio de nota, a Federação Paulista de Futebol afirmou que o caso seja apurado e que não tolera atitudes preconceituosas. Veja abaixo a nota na íntegra:
“A Federação Paulista de Futebol informa que recebeu com atenção e seriedade os relatos das atletas Stella, do Red Bull Bragantino, e Aline Milene, do São Paulo, após a partida entre as duas equipes realizada nesta quinta-feira (15), pelo Paulistão Feminino Sicredi.
A FPF não tolera, sob nenhuma circunstância, atitudes preconceituosas, discriminatórias ou desrespeitosas dentro ou fora de campo. Toda manifestação contrária aos valores de igualdade, respeito e integridade será apurada com rigor.
Acolhemos as manifestações das atletas com o devido respeito e já iniciamos uma apuração detalhada dos fatos. O futebol paulista é e deve ser um espaço seguro, inclusivo e respeitoso para todas as pessoas envolvidas.”
CLUBES APOIAM ATLETAS
Bragantino e São Paulo também emitiram notas de apoio às atletas e repúdio ao preconceito.
Veja abaixo a nota do Bragantino:
“O Red Bull Bragantino apoia e se solidariza com as denúncias feitas pela nossa atleta, Stella Terra, e pela jogadora do São Paulo Futebol Clube, Aline Milene, contra atos de machismo da arbitragem do jogo entre as equipes, pela Paulistão Feminino.
Nosso clube sempre prezou pelo respeito e dignidade para que as mulheres tenham o direito de exercer seu trabalho com profissionalismo, seja dentro ou fora de campo.
Repudiamos toda e qualquer atitude discriminatória e esperamos, com atenção, a apuração dos fatos pela Federação Paulista de Futebol.”
Veja abaixo a nota do São Paulo:
“O São Paulo Futebol Clube se solidariza e se une à equipe do Red Bull Bragantino em repúdio a atos machistas vindos da arbitragem, na partida de hoje (15), entre as equipes, pelo Campeonato Paulista Feminino.
É com a valentia e a força de mulheres que trabalham diariamente para ganhar espaço, que reforçamos que não aceitamos conviver com machismo e ofensas no futebol feminino. Regras são para serem cumpridas.
O São Paulo não tolera tais atitudes, e sempre apoiará o respeito, profissionalismo e direitos do Futebol Feminino.
Ressaltamos que o Tricolor confia na apuração dos responsáveis, certo de que a justiça será feita.
Às atletas, o nosso apoio.”