STF determina uso obrigatório de câmeras por policiais militares em São Paulo

O Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de decisão do ministro Luís Roberto Barroso, determinou nesta segunda-feira, 9, o uso obrigatório de câmeras por policiais militares durante operações no estado de São Paulo. A medida atende a um pedido da Defensoria Pública paulista e estabelece diretrizes rigorosas para monitoramento e transparência nas ações das forças de segurança.

Entre as determinações, estão a recomposição do número de câmeras corporais para, no mínimo, 10.125 dispositivos, gravações ininterruptas, divulgação de dados sobre o programa no portal da Secretaria de Segurança Pública (SSP/SP) e apresentação mensal de relatórios sobre o uso dos equipamentos. Além disso, foi estipulado um prazo de 45 dias para que o governo paulista apresente uma matriz de risco detalhando a alocação prioritária das câmeras com base no índice de letalidade policial.

A decisão ocorre em um contexto de aumento da violência policial no estado. Entre janeiro e outubro de 2023, 1.180 pessoas foram mortas em ações envolvendo policiais militares e civis. Recentemente, um caso de grande repercussão — em que um policial foi filmado jogando um homem de uma ponte — intensificou as críticas à segurança pública sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas.

Inicialmente, Tarcísio havia manifestado oposição ao uso das câmeras, mas, em 5 de dezembro, admitiu ter mudado de opinião. Em declaração pública, afirmou que subestimou a importância dos dispositivos no combate à violência policial. “Eu me enganei, estava errado, e não há problema em reconhecer isso. Eu tinha uma visão equivocada sobre a relevância das câmeras”, disse.

Além do reforço do uso das câmeras, Barroso destacou que a falta de supervisão e transparência compromete a efetividade de políticas públicas, agravando os riscos à segurança e à ordem. O ministro também exigiu que sejam regulamentados os processos disciplinares para casos de descumprimento do protocolo de uso das câmeras e divulgados dados estatísticos sobre a aplicação dessa política.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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