STF irá ouvir Aécio e Dirceu sobre Furnas

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ouvir o senador e presidente do PSDB, Aécio Neves, o ex-ministro José Dirceu, preso pela Lava Jato, o senador cassado Delcídio do Amaral, um dos delatores da operação, e Sílvio Pereira, ex-secretário-geral do PT. A informação foi publicada na edição desta quarta-feira (1º) do jornal “O Estado de S. Paulo” e foi confirmada pela TV Globo.

O pedido da procuradoria faz parte de um inquérito que investiga suposto esquema de corrupção em Furnas. No documento enviado ao STF, Janot também pede a prorrogação dos trabalhos de investigação por mais dois meses. O prazo, que havia sido renovado em novembro, acabaria em fevereiro.

Procurada pelo G1, a assessoria de Aécio disse, por meio de nota, que a oitiva com o senador já estava marcada desde a abertura do inquérito, como é de “praxe”. A nota afirma também que Aécio é o “maior interessado” na apuração dos fatos, porque, segundo a assessoria, o aprofundamento mostrará a correção dos atos do senador.

O G1 procurou a defesa de Dirceu, mas ainda não havia conseguido contato até a última atualização desta reportagem.

A defesa de Delcídio disse que não vai se manifestar por enquanto e vai aguardar o resultado das investigações.

O G1 ainda não havia localizado a defesa de Sílvio Pereira até a última atualização desta reportagem.

Os pedidos do procurador-geral ficarão sob a responsabilidade do ministro Gilmar Mendes, relator do inquérito que investiga as denúncias sobre Furnas.

O inquérito sobre Furnas foi aberto em maio de 2016. Na época da abertura, a PGR já pedia para ouvir Aécio. Como o depoimento nunca ocorreu, a procuradoria reforçou o pedido e apresentou solicitação para ouvir também Pereira, Dirceu e Delcídio.

O inquérito se baseia nas delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do senador cassado Delcídio do Amaral.

O doleiro disse que Aécio “dividia” uma diretoria de Furnas com o PP, e que ouviu isso do ex-deputado José Janene, já falecido. De acordo com o pedido, o doleiro afirmou ainda que ouviu que o senador do PSDB recebia valores mensais, por meio de sua irmã, por uma das empresas contratadas por Furnas. Delcídio confirmou as informações em sua delação premiada.

No pedido enviado ao Supremo, a PGR afirma que pretende apurar também informações prestadas em delação por Fernando Horneaux, lobista preso pela Lava Jato. O depoimento de Horneaux foi anexado ao inquéritoem fevereiro. Na delação, Horneaux disse que foi informado por Dirceu, em 2003, do pedido de Aécio ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o então diretor de Engenharia de Furnas Dimas Toledo fosse mantido no cargo. Na época, Dirceu era ministro da Casa Civil de Lula.

A PGR cita ainda depoimento no qual Horneaux diz que trabalhou ao lado de Sílvio Pereira na escolha de cargos do segundo escalão no início do primeiro mandato de Lula. O delator disse também, segundo o “Estado de S. Paulo” que haveria uma propina a ser dividida em Furnas: um terço para o PT nacional, um terço para o PT de São Paulo e um terço para Aécio.

Veja a íntegra da nota da assessoria de Aécio Neves:

Pedidos de prorrogação de prazo em procedimentos investigatórios são rotina. A oitiva do senador, como é praxe, está prevista desde o inicio do procedimento.

As diligências requeridas não guardam relação com o senador, uma vez que se referem apenas à solicitação de cópias de documentos da empresa e oitivas de membros do PT.

O senador Aécio Neves é o maior interessado na realização das investigações porque o aprofundamento delas provará a absoluta correção de seus atos.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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