STF recua condenação pichadora batom; réu “Perdeu, mané”. Visão crítica da sociedade.

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Waack: STF recua, por enquanto, de condenar pichadora do batom

Ministros do Supremo frequentemente se declaram “salvadores da democracia”, sem perceber que amplos setores da sociedade — repita-se, não apenas a extrema direita — têm uma visão contrária.

Um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) pediu mais tempo para analisar o processo de Débora Rodrigues dos Santos, a cabeleireira que participou dos atos bolsonaristas de 8 de janeiro e pichou com batom a estátua da Justiça em frente ao STF, escrevendo “Perdeu, mané”. Com isso, a análise de sua condenação foi suspensa. Dois outros ministros já haviam votado pela condenação de Débora a 14 anos de prisão e uma multa de R$ 30 milhões.

Débora é acusada dos mesmos crimes que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como tentativa de golpe de Estado, além de associação criminosa armada — embora estivesse portando apenas um batom. A denúncia contra Bolsonaro deve ser acolhida pelo STF nesta terça-feira (25), e o pedido de vistas do ministro, independentemente do motivo, criou um fato político: o de que há membros do Supremo preocupados em desfazer a impressão de injustiça que emana da Corte.

Seria ideal que o STF não precisasse se preocupar com sua própria imagem. No entanto, o tribunal é visto por amplos setores da sociedade brasileira — não apenas pela chamada extrema direita — como uma instância política que toma decisões políticas, atuando no jogo do poder e esperando resultados políticos. Enquanto condena vândalos que, de fato, devem ser punidos, o tribunal também parece ignorar crimes de corrupção confessados por réus.

Além disso, os esforços do STF para conter privilégios da magistratura, como os penduricalhos, são vistos como insuficientes — quando são notados. Essa posição delicada explica as dificuldades políticas que o tribunal enfrenta em temas como a regulação das redes sociais, assunto em que o Legislativo ainda não chegou a um consenso.

Ministros do Supremo frequentemente se declaram “salvadores da democracia”, sem perceber que amplos setores da sociedade — repita-se, não apenas a extrema direita — têm uma visão contrária. Muitos cidadãos se sentem tratados como “manés”, em um sistema que parece mais interessado em disputas políticas do que em justiça de fato.

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