Subprefeitura de Pinheiros recua de contrato para mudar nome do Largo da Batata em Pinheiros

Gestão Nunes recua após assinar contrato para mudar nome de tradicional espaço em Pinheiros para ‘Largo da Batata Ruffes’

Pelo documento, a que o DE teve acesso, a Pepsico do Brasil poderia usar a praça por 24 meses, pagando R$ 1,1 milhão em melhorias, sem licitação e sem autorização urbanística.

O Largo da Batata, em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, que pode mudar de nome. — Foto: RONALDO SILVA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A Subprefeitura de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, assinou um contrato com a empresa Pepsico do Brasil, que fabrica salgadinhos e bebidas, para mudar temporariamente o nome do tradicional Largo da Batata para “Largo da Batata Ruffles”, em alusão a um dos produtos da empresa, mas voltou atrás.

Pelo documento, a que o DE teve acesso, a Pepsico do Brasil poderia exibir, durante 24 meses, mobiliário urbano ligados às batatas comercializadas pela multinacional pelo valor simbólico de R$ 1,1 milhão.

O termo de cessão, feito sem licitação ou consulta pública, previa que a empresa não repassaria o valor à gestão municipal. Ele seria convertido apenas em benefícios para o largo.

Nesta sexta-feira (13), a prefeitura informou que tornou sem efeito o termo de doação com o objetivo de reanalisar os documentos e dar tempo para a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU), que não havia dado autorização, se manifestar.

Nesse caso, a Pepsico utilizaria o espaço apenas pagando pelas melhorias, como instalação de wi-fi gratuito, bancos etc. Pelo acordo, a companhia também poderia instalar vários novos brinquedos e equipamentos de lazer que fazem menção ao produto da Pepsico do Brasil.

A polêmica sobre a negociação é que o contrato foi assinado sem as devidas licenças legais para a instalação desses equipamentos pela CPPU. Um parecer técnico da própria equipe da SubPinheiros apontava a necessidade dessas autorizações.

Após a prefeitura decidir tornar o termo sem efeito, a reportagem do DE procurou a Pepsico Brasil para comentar a medida, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.

Sem as autorizações urbanísticas, Pepsico Brasil já havia anunciado uma festa para a troca de nome do ‘Largo da Batata’, em Pinheiros. — Foto: Reprodução

A empresa já tinha distribuído, inclusive, release para a imprensa anunciando o lançamento do “Largo da Batata Ruffles” para o próximo domingo, 15 de dezembro, com shows e outras atrações.

Banners anunciando a novidade também foram colocados nas estações da Linha 4 – Amarela, que dão acesso ao Largo principal do bairro de Pinheiros.

Sem a autorização da CPPU, nenhum mobiliário urbano que faça alusão a marcas pode ser colocado nas vias públicas fora dos parâmetros estipulados pela lei.

O órgão da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) determina se esse tipo de propaganda de produto fere ou não a Lei Cidade Limpa e, portanto, pode ser ou não instalado na cidade.

Pepsico Brasil chegou a divulgar a ação que mudaria o nome do largo, mas projeto foi barrado pela prefeitura após repercussão. — Foto: Reprodução

Por meio de nota enviada à TV Globo nesta quinta-feira (12), a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) havia informado inicialmente que o projeto já “está sendo analisado pela Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU)”.

“Reforçamos que não há até o momento qualquer definição por esta Comissão a respeito de tal intervenção. A Prefeitura ressalta que, até o momento, o que existe é uma parceria com a empresa apenas para manutenção do espaço.”

Contrato assinado entre a Pepsico Brasil e a Subprefeitura de Pinheiros sobre o Largo da Batata. — Foto: Reprodução/TV Globo

Já nesta sexta-feira (13), uma nova nota foi publicada afirmando que a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) tornou o contrato sem efeito.

“A Prefeitura de São Paulo informa que tornou sem efeito nesta quinta-feira (12) o Termo de Doação Nº 06/SUB-PI/2024 objetivando a reanálise documental e tempo hábil para manifestação da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) a respeito da proposta de parceria para o Largo da Batata”.

O vereador eleito pelo PT, Nabil Bonduki, que é urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP), foi o primeiro a revelar o contrato nas redes sociais e disse que é preciso que as autoridades de fiscalização investiguem o acordo.

“A cessão se baseia em um decreto de 2018 de João Doria, que não é aplicável ao uso de espaços públicos. Mesmo assim, o processo avançou na Subprefeitura de Pinheiros sem análise da CPPU, órgão que deveria avaliar a exposição de marcas”, disse.

Em 2021, o DE mostrou o caso de um ‘Touro de Ouro’, que fazia alusão a uma empresa de venda de cursos da área financeira, que tinha sido instalado sem as devidas licenças urbanísticas da CPPU na rua XV de Novembro, no Centro da capital paulista.

Após a denúncia da reportagem, a comissão votou pela retirada do touro na frente da frente da Bolsa de Valores de SP (B3), aplicando uma multa de R$ 38 mil pela instalação sem licença, só através de acordo firmado com a SubPrefeitura da Sé, na época.

Segundo o colegiado, a instalação sem a devida licença infringiu os artigos 39 e 40 da Lei Cidade Limpa.

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Disputa na Câmara de São Paulo: Bancada Evangélica x Emendas do PSOL. Polêmica envolvendo LGBT, quilombolas e umbanda gera críticas e denúncias.

A disputa na Câmara Municipal de São Paulo está acalorada. Recentemente, a Bancada Evangélica ameaçou não votar o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) da cidade devido a termos identitários presentes nas emendas das vereadoras Luana Alves e Elaine do Quilombo Periférico, ambas do PSOL. Os vereadores destacaram palavras como “LGBT”, “ONG pró-aborto” e “umbanda”, o que gerou discordância e recusa por parte dos parlamentares evangélicos. A situação chamou atenção da sociedade e do Ministério Público.

As emendas propostas pelas vereadoras visavam destinar parte dos recursos para projetos voltados à comunidade LGBT, como formação audiovisual, acolhimento e capacitação para famílias, além de trabalhos educacionais e culturais em africanidades. No entanto, os termos utilizados foram substituídos por palavras genéricas pelo relator do projeto. A vereadora Luana Alves entrou com representação no Ministério Público denunciando racismo, homotransfobia e associação criminosa.

O vereador Fernando Holiday, do PL, foi enfático ao justificar a recusa das emendas, destacando a importância de barrar propostas que considerou preconceituosas e extremistas. Segundo seus argumentos, mais de 10 emendas foram vetadas por serem consideradas inaceitáveis. A postura dos vereadores evangélicos gerou críticas por parte da vereadora Luana Alves, que classificou a atitude como uma “baixaria” e ressaltou a importância da independência política no processo de aprovação das emendas.

É válido ressaltar que as emendas são direitos dos vereadores e representam uma cota parlamentar para projetos de interesse público, culturais e esportivos. No entanto, a interferência na destinação dos recursos tem gerado polêmica e contestações. Projetos destinados à população LGBT e antirracistas foram alvo de questionamento, o que levantou o debate sobre a liberdade de destinar recursos para causas importantes e socialmente relevantes.

Diante desse cenário, é fundamental analisar o embate entre os vereadores da Bancada Evangélica e as vereadoras do PSOL, destacando a importância do diálogo e do respeito às diversidades. O episódio coloca em evidência a necessidade de garantir a imparcialidade e a democracia no processo legislativo municipal, assegurando que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas. O desfecho desse impasse terá reflexos significativos no cenário político da cidade de São Paulo e no fortalecimento da representatividade das minorias.

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