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Superdotados; 26 alunos com alta habilidade foram diagnosticados na rede municipal de educação de Goiânia

Última atualização 25/04/2022 | 08:00

Os dados mais recentes da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME) mostram que, entre 2017 e outubro de 2021, a capital registrou 26 estudantes que receberam o laudo de pessoas com altas habilidades, ou superdotadas, que passaram por alguma unidade de educação da rede municipal. Os dados levam em conta estudantes desde a fase da creche até a Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos (Eaja).

O laudo é a palavra final que diz se alguém é ou não superdotado, mas pode levar meses para ser emitido. O processo não é tão simples.  Por isso, mesmo sem o documento, crianças e adultos que apresentam sinais de altas habilidades são acompanhados, na escola, com atenção a estas características, de acordo com a SME.

“A gente trabalha em cima do sintoma, não do diagnóstico”, afirma Gláucia Helena de Almeida, professora de Atendimento Educacional Especializado do  Centro Municipal de Apoio à Inclusão (Cmai) Maria Thomé Neto, em Goiânia.

Quando uma pessoa é superdotada?

Pessoas superdotadas apresentam desenvolvimento acima da média. Apesar de casos relacionados à formação acadêmica serem mais lembrados, como a alta habilidade em matemática, eles estão longe de serem os únicos.

“A pessoa pode ter alta habilidade em uma área específica: linguagem, matemática, relações interpessoais – que são pessoas com muita facilidade de comunicação e cativam o público -, artes, música, dança…”, explica Gláucia.

A especialista, que também é formada em Psicologia e Educação Física e já trabalhou com dança, cita o exemplo de uma menina que, aos nove anos de idade, sem nunca ter feito ballet, impressionou professores em Goiânia. “A gente chegava a arrepiar vendo ela dançar. Parecia que dançava a vida toda, ela tinha muita habilidade com os movimentos”, conta. A criança chegou a participar do ballet de Bolshoi, em Joinville (SC).

Altas habilidades e autismo

Professora Gláucia e Gustavo no Cmai. (Foto: Arquivo pessoal)

Atualmente, um dos alunos de Gláucia é o Gustavo Henrique Soares Carmo (na foto), que completou sete anos de idade no último dia 16. Ele frequenta a educação básica na rede pública e também o Cmai.

“Ele ainda não tem o laudo porque é autista, então esse diagnóstico é dificultado. Mas o Gustavo Henrique já falava números em inglês com dois anos e meio de idade e aprendeu a ler sozinho aos três”, conta o pai do estudante, Reinaldo Silva do Carmo, profissional de TI.

Segundo a professora Gláucia, Gustavo tem alta habilidade na área da linguagem, mas também é muito interessado por tecnologia. “De Natal, ele pediu um liquidificador porque queria saber como o eletrodoméstico funciona”, conta.

Segundo ela, apesar de o laudo ser importante, Gustavo vem sendo acompanhado de acordo com seus sinais de alta habilidade antes mesmo de tê-lo. Por outro lado, o documento pode vir a ser essencial para ele no futuro, quando for em busca de um trabalho ou de ingressar na universidade, por exemplo. No caso de uma criança diagnosticada dentro do espectro autista, como Gustavo, existem características específicas que mudam o processo.

“Ele lê e já faz até as pausas de pontuação: vírgula e ponto final, por exemplo. Por outro lado, tem certa dificuldade motora para escrever, de pegar no lápis, e isso é muito comum em crianças autistas. Em um teste de inteligência, é considerada a velocidade. Ele teria alguma lentidão, relacionada ao autismo, para dar as respostas do teste. Até mesmo pelo hiperfoco característico do espectro”, explica a professora.

Como buscar orientação

De acordo com Luciana Machado, professora e integrante do apoio técnico da Gerência de Inclusão, Diversidade e Cidadania da SME de Goiânia, ao perceber um possível caso de aluno superdotado, a escola aciona a pasta, por meio do responsável pelo Apoio Pedagógico.

“Assim que se observa que este estudante tem alguma habilidade que se sobressai nas unidades educacionais, a equipe multidisciplinar é acionada. Os profissionais se organizam para atender à família”, explica.

Em Goiânia, além de frequentarem a escola regular, as crianças podem frequentar as chamadas salas de recursos, que hoje são 35, segundo Luciana, e ainda os dois Cmais da capital. As equipes multidisciplinares que atuam nestes locais podem incluir professores especializados, psicopedagogo, psicólogo, por exemplo. A ideia é que a criança permaneça na educação regular, sem saltar de turmas e que, paralelamente, tenha o atendimento especializados nestes espaços.

Luciana orienta os familiares que suspeitam que o filho seja superdotado a buscarem informações na própria escola, desde a educação infantil. Além da rede municipal de educação, há ainda profissionais especializados em fazer o laudo. Só está apto a emiti-lo quem tem especialização em altas habilidades, seja psicólogo, ou psicopedagogo, por exemplo. A equipe envolvida neste processo conta com psicólogo, pedagogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo e outros profissionais relacionados à alta habilidade, como professores de Línguas.

 

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