Na tarde de ontem (13), MJ, 22, fez boletim de ocorrência pelo crime de violência doméstica, injúria e danos materiais contra o namorado WC (35), atual Superintendente de Trânsito de Senador Canedo.
MJ conta que o namoro começou ainda no início desse ano e ele nunca havia demonstrado nenhum traço de agressividade
“Ninguém começa um relacionamento sendo agredida. Ele nunca demonstrou sinais, sempre foi tranquilo e somente começou a apresentar agressividade uns dias antes da primeira da agressão. Também nunca demonstrou ser uma pessoa ciumenta”. Ao ser perguntada sobre como era o namoro, ela afirma “ele tem um gênio muito forte e eu também. A gente se estranhava em algumas opiniões, mas nada de mais”, relata.
A primeira agressão aconteceu no mês de agosto quando o casal estava na casa de amigos. MJ diz que WC, já embriagado, começou a gritar “Você é uma burra, sonsa, sonsa…”. Com medo, ela decidiu sair do ambiente em que estavam e se trancar no banheiro, pois pelo comportamento do namorado, o resultado final seria uma agressão. Nesse mesmo dia, à noite, ela voltou para casa com WC e, ao chegarem lá, ele começou a empurrá-la e expulsá-la para fora de casa puxando-a pelo braço. Na saída, WC passou com o carro em cima do pé dela.
Depois da primeira agressão, MJ relata que o ex-namorado pediu desculpas aos ver os hematomas “ele é muito amável, muito doce e sabia exatamente os meus pontos fracos e onde podia me pegar. Nas nossas conversas por aplicativo de mensagem, ele me disse que nunca foi a intenção dele me machucar e que queria ser luz na minha vida”, diz.
Neste mês de outubro, no dia 9, eles foram para um barzinho com amigos, mas ao irem embora, começaram a discutir porque WC não gostou de uma resposta que MJ deu a ele. Decidiram ir embora e
“no carro, ele começou a esfregar, com bastante força, uma das mãos no meu rosto. Ele batia a minha cabeça no vidro da porta, mesmo com o carro em movimento. Eu coloquei a cabeça para a fora e comecei a pedir por socorro, aí ele começou a me enforcar”.
Ela, mesmo pedindo para que ele parasse, não foi ouvida. Na tentativa de afastá-lo, MJ puxa o braço de WC e estragou o relógio dele. Na mesma hora, WC para o carro, pega o celular da namorada e joga o aparelho pela janela do veículo. WC ainda obrigou que MJ pegasse do chão as partes do relógio que estava estragado e, quando ela pediu para que pudesse pegar também o celular, ele não deixou “ele queria que eu descesse do carro sem o telefone, sem nada”. Então, de imediato, os dois começaram uma luta corporal pelo telefone, “era um cabo de guerra”.
Os dois seguiram juntos para a casa de WC para que MJ pudesse pegar as suas coisas e ir embora, mas, ao chegarem no local, as brigas continuaram. MJ ao bater a porta do guarda-roupa, irritou WC que a segurou pelos braços e a levantou pelo pescoço, com constantes xingamentos. MJ tentou reagir, mas caiu no chão. Após se levantar e correr para pegar seus pertences, WC novamente a agrediu, dessa vez enforcando-a na parede.
MJ ligou imediatamente para a polícia, que compareceu ao local, mas eles não registraram a queixa “não registraram nenhum boletim porque nesse dia eu não tinha marcas evidentes”, afirma.
Senador Canedo em campanha contra violência doméstica
A Prefeitura de Senador Canedo, anualmente, promove campanhas de combate à violência contra a mulher. No mês de junho, deste ano, a prefeitura, aderiu ao Pacto Goiano Pelo Fim da Violência Contra a Mulher e, por meio da Secretaria de Assistência Social e Cidadania, nomeou o comitê gestor do pacto, no próprio município, composto por representantes do governo e forças de segurança.
Nas redes sociais da Prefeitura e da Secretaria, há vídeos sobre o “protocolo do sinal vermelho”, incentivando que as vítimas de violência possam desenhar um X vermelho na palma da mão e quem receber o pedido, possa ajudar repassando informações para a polícia. Há também o reforço de que em “briga de marido e mulher, todos devem meter a colher”.
Projeto de lei que exonera agressor
Em tramitação na Câmara dos Deputados, há projetos semelhantes que determinam a perda de cargo, mandato eletivo, função ou emprego público caso a pessoa condenada esteja envolvida em crimes de violência doméstica e familiar contra mulher, criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
No atual Código Penal, a perda de cargo, função ou mandato se dá apenas para as condenações nos crimes contra a administração pública. Aos crimes de violência, o condenado só perde seu trabalho se tiver uma pena maior de quatro anos.