A Suprema Corte dos Estados Unidos, ao apoiar Donald Trump em um caso de deportações sob a Lei dos Inimigos Estrangeiros, concedeu uma vitória ao presidente republicano em relação à sua política linha-dura de imigração. Trump invocou um ato de 1798 para enviar rapidamente supostos membros de gangues venezuelanas para El Salvador, utilizando uma lei tradicionalmente aplicada apenas em tempos de guerra. A decisão do tribunal de suspender a ordem do juiz James Boasberg, de Washington, que bloqueava temporariamente as deportações sob essa lei, foi acatada pelo governo central.
No mesmo dia da decisão da Suprema Corte, um grupo de homens venezuelanos, sob custódia das autoridades de imigração dos EUA, iniciou um desafio legal liderado pela União Americana pelas Liberdades Civis, buscando bloquear as deportações em nome deles mesmos e de outros em situação semelhante. Argumentaram que a ordem de Trump ultrapassava seus poderes, já que a Lei dos Inimigos Estrangeiros autoriza remoções apenas em tempos de guerra ou de invasão dos EUA. A polêmica em torno do uso dessa lei levou a debates sobre a autoridade presidencial em questões de segurança nacional.
James Boasberg, nomeado por Barack Obama, temporariamente bloqueou as deportações ordenadas por Trump. No entanto, a administração de Trump permitiu a continuidade de dois voos já em curso para El Salvador, onde autoridades americanas entregaram 238 homens venezuelanos às autoridades locais. A recusa em trazer de volta os voos após a decisão do juiz gerou controvérsias e questionamentos sobre o cumprimento da ordem judicial. Trump chegou a pedir o impeachment de Boasberg, levantando preocupações sobre a independência do poder judiciário.
As alegações de ligações com gangues por parte dos migrantes venezuelanos deportados foram contestadas por familiares e advogados, que citaram casos como o de um jogador profissional de futebol venezuelano erroneamente rotulado como membro de gangue devido a uma tatuagem relacionada ao seu time favorito. A situação gerou tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela, com críticas do governo venezuelano classificando as deportações como um “crime contra a humanidade”. Enquanto isso, o embate entre Trump e Boasberg ilustra os desafios enfrentados em questões de imigração e segurança nacional nos EUA.