A estudante de medicina Jenife Socorro de Almeida da Silva, de 37 anos, foi encontrada morta no último dia 2 de abril em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. O caso é investigado pelas autoridades bolivianas como feminicídio, tendo como principal suspeito um adolescente de 16 anos. De acordo com a polícia, a morte foi causada por asfixia. A informação foi confirmada pela Subseção de Santana da Ordem dos Advogados do Brasil no Amapá (OAB-AP), que emitiu nota de pesar e cobrou uma investigação rigorosa.
O adolescente se apresentou espontaneamente à polícia e foi apreendido de forma preventiva, sendo encaminhado ao centro de reclusão Cenvicruz. No entanto, a família da vítima e o advogado Cícero Bordalo Jr., que acompanha o caso, questionam a versão apresentada até agora. Segundo Bordalo, o depoimento do menor é desconexo e não corresponde às evidências encontradas no apartamento de Jenife. Ele também criticou a atuação da polícia boliviana por não ter recolhido material genético de um preservativo deixado no local do crime.
O advogado suspeita do envolvimento de um ex-namorado da vítima e de um possível “autor intelectual” que estaria manipulando o caso. Para preservar provas, ele solicitou ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) que impeça a cremação do corpo, permitindo que uma perícia de exumação cadavérica seja realizada no Brasil. Um pedido formal de repatriação também será encaminhado ao Itamaraty.
O MRE informou, por meio de nota, que está prestando assistência consular à família, mas esclareceu que os custos com o traslado dos restos mortais não são cobertos por recursos públicos. Jenife, que era divorciada e mãe de dois filhos, havia retornado à Bolívia há pouco mais de dois meses para concluir sua formação acadêmica. Amigos e familiares organizaram uma campanha de arrecadação para ajudar com as despesas.
Na última terça-feira (8), um ato pacífico em homenagem à estudante foi realizado em Santa Cruz de la Sierra. Outra manifestação aconteceu em Santana, no Amapá, cidade natal da vítima. A OAB-AP manifestou solidariedade aos familiares e exigiu que as autoridades brasileiras e bolivianas conduzam o caso com celeridade e transparência.