Caso Ruy Ferraz: preso mais um suspeito de envolvimento no assassinato de ex-delegado
Agora, são seis pessoas presas. Outras duas estão foragidas e um suspeito de envolvimento morreu em confronto policial.
Delegado Ruy Ferraz Fontes é executado a tiros em Praia Grande, SP
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Delegado Ruy Ferraz Fontes é executado a tiros em Praia Grande, SP
Mais um suspeito de envolvimento no assassinato do ex-delegado-geral de São Paulo Ruy Ferraz Fontes, executado no litoral paulista, foi preso pela polícia Civil de São Paulo. A prisão de Danilo Pereira Pena, de 36 anos, conhecido como Matemático, aconteceu nesta quarta-feira (15), quando o crime completa um mês.
Segundo as investigações, ele foi quem mandou Luiz Henrique Santos Batista, o Fofão, levar Rafael Marcell Dias Simões, o Jaguar, da cidade de São Vicente para São Paulo. Ambos já estão presos.
Agora, são no total seis presos por suspeita de envolvimento no crime, outras duas estão foragidas e um terceiro morreu em confronto com a polícia.
As autoridades confirmaram a ligação do Primeiro Comando da Capital (PCC) com o crime. Nos mais de 40 anos que passou na Polícia Civil, ele teve papel central no combate ao crime organizado e foi pioneiro nas investigações sobre a facção.
Ele se aposentou em 2023, mas as ameaças de morte continuaram. Um relatório de 2024, a que o Fantástico teve acesso, detalhava planos de atentados contra autoridades [https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2025/09/21/exclusivo-documentos-revelam-que-ex-delegado-executado-em-sp-estava-na-mira-do-PCC.ghtml].
Ruy foi morto no dia 15 de setembro após deixar o expediente como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/09/15/delegado-historico-de-sp-e-executado-a-tiros-em-praia-grande.ghtml], onde trabalhava desde a aposentadoria como policial. Ele levou ao menos 12 tiros de fuzil. (Veja o vídeo no alto.)
1 de 5 Ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, foi assassinado em Praia Grande (SP) — Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO e Reprodução
Ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, foi assassinado em Praia Grande (SP) — Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO e Reprodução
EX-DELEGADO ERA MONITORADO
Ex-delegado executado em SP estava sendo monitorado há mais de um mês, aponta investigação [https://s03.video.glbimg.com/x240/13948566.jpg]
Ex-delegado executado em SP estava sendo monitorado há mais de um mês, aponta investigação
O sistema de câmeras de segurança da Prefeitura de Praia Grande [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/cidade/praia-grande-sp/] identificou que Ruy já estava sendo monitorado pelos criminosos há mais de um mês. Um dos veículos usados no crime foi flagrado no litoral paulista no dia 18 de agosto.
Além desse veículo, um carro e uma caminhonete também foram utilizados no crime. A caminhonete foi encontrada incendiada pela Guarda Civil Municipal (GCM), mas o carro foi localizado e passou por perícia para coleta de impressões digitais.
A Polícia Civil identificou que o grupo responsável pelo ataque utilizou casas alugadas. O primeiro imóvel investigado por ter ligação com os criminosos é uma residência em Praia Grande [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/09/22/imagens-mostram-detalhes-de-casa-usada-como-base-de-grupo-que-matou-ex-delegado-fotos.ghtml]
O outro fica em Mongaguá (SP) e também passou por coleta de impressões digitais [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/09/21/policia-identifica-segunda-casa-usada-por-grupo-que-assassinou-ex-delegado-no-litoral-de-SP.ghtml]. Ambos foram pichados com a frase “Justiça tarda + não falha” no final do mês de setembro [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/09/26/segunda-casa-usada-como-base-de-grupo-que-matou-ex-delegado-e-pichada-no-litoral-de-SP.ghtml]
A partir das impressões digitais, a Polícia Civil chegou aos primeiros suspeitos de participar do crime. Um deles foi Felipe Avelino da Silva, conhecido no PCC como Mascherano. O homem foi preso em Cotia (SP) no início do mês. [https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/10/06/policia-prende-um-dos-suspeitos-envolvido-na-execucao-de-ex-delegado-geral.ghtml]
> “Isso é um fato [o envolvimento do PCC]. A motivação é que ainda está em aberto”, disse Derrite à época.
Confira abaixo os nomes dos cinco presos até agora:
Willian Silva Marques: dono da casa em Praia Grande de onde teria saído um fuzil que pode ter sido usado no crime, preso na madrugada de 21 de setembro;
Dahesly Oliveira Pires: foi presa em 18 de setembro por suspeita de ser a mulher que foi buscar o fuzil na Baixada Santista;
Luiz Henrique Santos Batista: conhecido como Fofão, está envolvido, segundo a polícia, na logística da morte do ex-delegado. Ele teria dado carona para que um dos criminosos fugisse da cena do crime e foi preso em 19 de setembro.
Rafael Marcell Dias Simões (Jaguar): Ele se entregou à polícia em 20 de setembro, em São Vicente (SP).
Felipe Avelino da Silva: conhecido no PCC como Mascherano, teve o DNA encontrado em um dos carros usados no crime; preso em Cotia em 6 de outubro.
Danilo Pereira Pena: aos 36 anos, é conhecido como Matemático. Ele que teria mandado Luiz Henrique Santos Batista levar Jaguar de São Vicente a São Paulo.
2 de 5 Suspeitos presos morte ex-delegado Ruy Ferraz — Foto: Reprodução/Polícia Civil e TV Globo
Suspeitos presos morte ex-delegado Ruy Ferraz — Foto: Reprodução/Polícia Civil e TV Globo
Além dos cinco detidos, outras duas pessoas foram identificadas e estão foragidas:
Flávio Henrique Ferreira de Souza: também teve o DNA encontrado em um dos carros;
Luis Antonio Rodrigues de Miranda: é procurado por suspeita de ter ordenado que uma mulher fosse buscar um dos fuzis usados no crime.
Umberto Alberto Gomes: era procurado após a corporação encontrar digitais em uma casa que teria sido usada pelos criminosos em Mongaguá. Ele morreu em confronto com equipes da Polícia Civil do Paraná em 30 de setembro [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/09/30/suspeito-morto-no-pr-era-o-possivel-atirador-em-execucao-de-ex-delegado-geral-de-SP-diz-derrite.ghtml]
Informações que possam levar às prisões dos foragidos podem ser dadas à polícia por meio do Disque-Denúncia, pelo número 181. Não é preciso se identificar.
Entenda o que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes [https://s03.video.glbimg.com/x240/13933106.jpg]
Entenda o que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes
O QUE FALTA SABER?
Quem atirou em Ruy?
Qual foi a motivação?
Qual a participação do PCC?
QUEM ATIROU EM RUY?
3 de 5 Rafael Marcell Dias Simões, conhecido como Jaguar, se entregou no DP Sede de São Vicente — Foto: Marco Antônio/TV Tribuna
Rafael Marcell Dias Simões, conhecido como Jaguar, se entregou no DP Sede de São Vicente — Foto: Marco Antônio/TV Tribuna
Derrite disse, em 26 de setembro, que o suspeito Rafael Simões, o Jaguar, é um dos atiradores [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/09/25/jaguar-virou-suspeito-de-envolvimento-na-morte-de-ex-delegado-apos-ser-citado-em-conversa-de-whatsapp-diz-defesa.ghtml]. Os advogados Abraão Martins e Adonirã Correia, no entanto, negaram a participação dele. Um vídeo de monitoramento flagrou ‘Jaguar’ buscando a filha em uma escola de Santos no dia do crime. [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/10/05/video-mostra-suspeito-de-matar-ex-delegado-buscando-a-enteada-na-escola-antes-do-crime-defesa-alega-inocencia.ghtml]
Um dos outros atiradores, ainda segundo Derrite, seria Umberto Gomes – que morreu no confronto [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/09/30/suspeito-morto-no-pr-era-o-possivel-atirador-em-execucao-de-ex-delegado-geral-de-SP-diz-derrite.ghtml] policial. A informação foi publicada pelo secretário momentos após a morte do suspeito, ao lado do delegado-geral Artur Dian.
A corporação, porém, não divulgou mais informações sobre os suspeitos que aparecem na cena do crime. Conforme os registros de monitoramento, ao menos quatro suspeitos estavam no carro que perseguiu Ruy Ferraz Fontes.
QUAL FOI A MOTIVAÇÃO?
A investigação sobre a execução do ex-delegado tem duas suspeitas principais para a motivação do crime:
Vingança em razão da atuação histórica de Ruy Fontes contra os chefes do PCC
Reação de criminosos contrariados pela atuação dele à frente da Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande.
“A gente não descarta as possibilidades. Se a execução foi motivada pelo combate ao crime organizado durante toda a carreira do delegado ou por conta de uma atuação atual como secretário municipal em Praia Grande”, afirmou Guilherme Derrite em entrevista coletiva.
Conforme apurado pelo g1, a Polícia Civil investiga se uma licitação sobre a ampliação do sistema de videomonitoramento e Wi-Fi na Prefeitura de Praia Grande, com valor estimado de quase R$ 24 milhões, teria motivado a execução. [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/10/10/licitacao-milionaria-e-investigada-como-motivacao-para-a-execucao-de-ex-delegado-em-praia-grande]
Cinco servidores da prefeitura, entre eles o subsecretário Sandro Rogerio Pardini, foram alvos de mandados de busca. [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/10/03/cinco-funcionarios-publicos-sao-investigados-pela-policia-civil-no-caso-da-morte-de-ex-delegado.ghtml] A polícia apreendeu celulares e eletrônicos em uma investigação sobre possíveis irregularidades em contratos públicos, além de grande quantia em dinheiro.
Pardini pediu exoneração do cargo dias após o cumprimento dos mandados. [https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/10/03/subsecretario-investigado-no-caso-da-morte-de-ex-delegado-ruy-ferraz-fontes-pede-exoneracao.ghtml] Além dele, foram apreendidos itens de: um agente de fiscalização na Secretaria de Urbanismo; um servidor da Secretaria de Administração; um engenheiro na Secretaria de Planejamento e uma diretora de departamento na Secretaria de Planejamento.
4 de 5 Sandro Pardini (à esq.) foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão relacionados à execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes — Foto: Redes sociais e Prefeitura de Praia Grande
Sandro Pardini (à esq.) foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão relacionados à execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes — Foto: Redes sociais e Prefeitura de Praia Grande
QUAL FOI A PARTICIPAÇÃO DO PCC?
Fernando Gonçalves dos Santos, o “Azul” ou “Colorido” — Foto: Reprodução
Além das ameaças sofridas por Ruy, a Polícia Civil também investiga se Fernando Gonçalves dos Santos, conhecido “Azul” ou “Colorido”, teve algum envolvimento no caso. Ele é apontado como um dos chefes do PCC na Baixada Santista.
Isso porque um dos itens citados no relatório obtido pelo Fantástico tratava de perseguição ao promotor de Justiça Lincoln Gakiya e Ruy Fontes, por conta da atuação de ambos contra o PCC.
> “Ele me disse: ‘Doutor Lincoln, o senhor está mais tranquilo porque está muito bem protegido pela sua escolta. Eu, como aposentado, não tenho esse direito’”, relatou o promotor.
Em entrevista a um podcast do jornal O Globo em parceria com a rádio CBN, Ruy também demonstrou preocupação:
> “Eu vivo sozinho aqui na Praia Grande, que é o meio deles. Se eu fosse um policial da ativa, teria estrutura para me proteger. Hoje, não tenho nenhuma.”
Segundo o governo de São Paulo, Ruy não chegou a pedir proteção. A legislação atual não prevê escolta para policiais aposentados. Ele também não usava carro blindado no momento do crime.