A justiça manteve presos os suspeitos de ‘maquiar’ e revender carne submersa na enchente do Rio Grande do Sul. Quatro pessoas que haviam sido presas em flagrante tiveram a prisão convertida em preventiva. A investigação aponta que a carne vendida para se transformar em ração estava sendo reaproveitada e vendida para açougues.
A justiça do Rio converteu em preventiva, nesta sexta-feira (24), a prisão em flagrante dos quatro suspeitos de maquiar e vender carne imprópria para consumo humano proteína animal que ficou submersa por vários dias na enchente histórica de Porto Alegre, em 2024. Em maio, fortes chuvas devastaram o Rio Grande do Sul e deixaram mais de 200 mortos e muitos desaparecidos.
Entre os detidos está um dos proprietários da empresa, Almir Jorge Luís da Silva. Segundo as investigações da Delegacia do Consumidor (Decon-RJ), a Tem Di Tudo Salvados, do município Três Rios, arrematou 800 toneladas de proteína animal deteriorada de um frigorífico de Porto Alegre. A Tem Di Tudo é autorizada a fazer o reaproveitamento de produtos vencidos e alegou aos produtores gaúchos que a mercadoria seria transformada em ração animal.
No entanto, a Decon apurou que pacotes de carnes bovina, suína e de aves estragadas foram postos à venda para açougues e mercados de todo o país. O delegado Wellington Vieira explicou que a carne foi maquiada para esconder a deterioração provocada pela lama e pela água que se acumularam no frigorífico da capital gaúcha. Todas as pessoas que consumiram essa carne correram risco de vida, frisou o delegado. Quando uma mercadoria fica debaixo d’água, adquire circunstâncias e condições que trazem risco iminente à saúde.
A operação realizada pela Decon resultou em 8 mandados de busca e apreensão na sede da Tem Di Tudo Salvados e em endereços ligados aos sócios. Durante as varreduras, policiais encontraram mais alimentos deteriorados ou vencidos e prenderam 4 pessoas em flagrante por vender ou ter em depósito mercadoria inadequada para o consumo. A polícia descobriu ainda que a Tem Di Tudo Salvados lucrou bastante com o esquema, comprando carne estragada por um valor muito menor do que o seu real valor.
O trabalho de investigação teve início no Rio Grande do Sul por coincidência, quando uma das empresas que comprou a carne deteriorada foi o frigorífico que vendeu o produto para a Tem Di Tudo. Os produtores gaúchos acionaram a polícia após identificarem a carne descartada pela numeração do lote na etiqueta da embalagem. Agora, as autoridades buscam localizar as demais empresas que adquiriram a carne sem saber que era imprópria para o consumo. A situação alerta para a importância de estar atento à procedência dos alimentos, evitando colocar a saúde em risco.