Suspensão de benefícios no caso do césio-137 envolve advogados investigados

‘Golpe do césio-137’: Justiça mantém suspensão de benefícios de pessoas representadas por advogados investigados em operação

Decisão abrange processos em que autores são representados pelos advogados investigados no caso. Prejuízo ultrapassa R$ 20 milhões.

O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) manteve a suspensão de benefícios concedidos judicialmente a pessoas que alegaram ter sido contaminadas no acidente com o césio-137, ocorrido em Goiânia em 1987. A decisão do tribunal abrange especificamente os processos em que os autores são representados pelos advogados investigados no caso.

A DE não conseguiu localizar a defesa dos advogados citados até a última atualização desta reportagem.

LEIA TAMBÉM

* OPERAÇÃO: Operação combate fraudes de R$ 20 milhões em benefícios pagos pelo acidente com o césio-137

* ENVOLVIDOS: ‘Golpe do césio-137’: procurador, coronel da PM e bombeiro dizem não saber que exames para conseguir benefícios eram falsos

* RELEMBRE: Maior acidente radiológico da história aconteceu em Goiás e afetou mais de mil pessoas

Os benefícios suspensos referem-se à isenção do Imposto de Renda de servidores que afirmaram ter desenvolvido doenças relacionadas ao acidente com o césio-137. As investigações indicam que o esquema envolvia ex-policiais militares, bombeiros e até um promotor de justiça aposentado, que alegavam ter atuado na tragédia para obter isenções tributárias.

Conforme o Tribunal de Justiça, mais de 567 ações judiciais podem ter sido efetuadas pelo grupo, sendo cerca de 400 com indícios de laudos médicos fraudulentos. O prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 20 milhões.

Segundo a investigação, os advogados teriam falsificado documentos utilizados nos processos judiciais. No ano passado, uma operação policial resultou na prisão de alguns desses envolvidos.

A operação Fraude Radioativa, da Polícia Civil, foi deflagrada dia 30 de setembro de 2024. A operação busca combater fraudes de R$ 20 milhões em benefícios pagos pelo acidente com o césio-137, considerado o maior acidente radiológico da história. Três mandados de prisão e 11 de busca e apreensão foram cumpridos na capital.

Um procurador e dois militares aposentados estão entre os investigados. Eles negaram o conhecimento das ilegalidades e apontaram a responsabilidade para as advogadas que estavam à frente das ações.

Duas advogadas foram presas suspeitas de envolvimento no esquema: Ana Laura Pereira Marques, que está em prisão domiciliar, e Gabriela Nunes Silva, que foi solta e agora responde em liberdade. À TV Globo, a defesa de Ana Laura disse que se manifestará somente em juízo. Já Jonadabe Almeida, advogado de Gabriela, disse que ela não tinha conhecimento dos documentos e que não participou do esquema.

O delegado Leonardo Dias Pires, responsável pela investigação, explicou que os suspeitos diziam que o material coletado das supostas vítimas seria encaminhado a um laboratório localizado nos Estados Unidos para que os exames fossem feitos.

O maior acidente radiológico do mundo começou quando, no dia 13 de setembro de 1987, dois catadores de recicláveis acharam um aparelho de radioterapia abandonado, desmontaram e o venderam a um ferro-velho de Goiânia. Eles não tinham noção de que se tratava do césio-137. Altamente radioativo, o pó de coloração azul, que ficava no equipamento, causou quatro mortes e contaminou, pelo menos, 249 pessoas.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp