Tá explicado: Saúde só gastou 29% de verba destinada ao combate da covid-19, diz TCU

Dos R$ 38,9 bi, R$ 11,4 bi foram gastos

Ministério diz que prestou esclarecimentos

O Ministério da Saúde gastou apenas 29% do valor destinado desde março de 2020 pelo governo federal ao combate do novo coronavírus. O valor foi revelado em uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União), obtida pela Folha de S. Paulo.

Desde março, mês em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou a pandemia, o governo brasileiro criou uma ação orçamentária específica, prometendo o valor de R$ 38,9 bilhões. Até 25 de junho, R$ 11,4 bilhões vindos dos cofres federais foram gastos em ações contra a covid-19. O valor corresponde tanto ao dinheiro gasto diretamente pela pasta da Saúde como ao que foi enviado a Estados e municípios. O relatório feito a partir da auditoria do TCU mostrou que Estados receberam 39% da verba anunciada e os municípios, 36%.

O TCU avaliou também se existiria alguma correlação entre a taxa de mortalidade por covid-19 nos Estados e o montante de dinheiro enviado pelo governo federal, mas não encontrou indícios suficientes. No entanto, em 1 dos trechos do relatório, o TCU disse que “chama a atenção o fato de Pará e Rio de Janeiro terem, respectivamente, a 2ª e a 3ª maior taxa de mortalidade por covid-19 (31,4 e 28,1 mortes por 10.000 habitantes), conforme dados informados pelo Ministério da Saúde em 28/5/2020, mas serem duas das 3 unidades da federação que menos receberam recursos em termos per capita para a pandemia“.

Outro ponto destacado no relatório do TCU é a compra e envio de respiradores aos hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde). O cronograma das empresas contratadas pelo governo previa a entrega de 7.070 unidades até junho. Até 15 de julho, data da elaboração do relatório, foram entregues 4.857 respiradores. O TCU ainda afirmou que detectou deficiências de transparência de alguns dados, como a divulgação da ocupação dos leitos destinados aos pacientes contaminados pelo novo coronavírus.

Segundo a Folha, MPF (Ministério Público Federal) e TCU enviaram perguntas à pasta sobre o ritmo da aplicação da verba. O relatório do TCU revelou que o Ministério da Saúde não respondeu. A pasta também não respondeu se existe algum estudo feito para embasar a distribuição dos recursos federais entre Estados e municípios.

O Ministério da Saúde disse em nota enviada à Folha que já prestou os esclarecimentos ao TCU. A pasta disse também que tem feito repasse de recursos extras e compras centralizadas de equipamentos, materiais e insumos para testes como forma de “garantir a estruturação do SUS e o cuidado e assistência à população.” A pasta afirmou que gastou R$ 26,4 bilhões em ações relacionadas à covid-19, sendo que R$ 17,6 bilhões foram pagos por meio de transferências a Estados e municípios.

Cabe ressaltar que parte considerável das despesas não executadas é relativa a aquisições diretas, do próprio Ministério da Saúde, especialmente de EPIs [equipamentos de proteção individual] e respiradores, cujos pagamentos são efetuados após o recebimento. Nestes casos, é importante destacar que o ministério depende da disponibilidade dos equipamentos e insumos no mercado nacional ou internacional. Acrescenta-se também os repasses/pagamentos mensais que estão sendo realizados em parcelas, e não de forma única, a exemplo da contratação de profissionais pelo programa Mais Médicos e pela estratégia O Brasil Conta Comigo,” disse a pasta.

Sobre os leitos, o Ministério afirmou que as unidades de saúde não estão alimentando o sistema de informações. Com relação aos ventiladores, falou que eles foram adquiridos através de estratégia nacional que visa impulsionar a fabricação do equipamento no Brasil.

É 1 esforço que envolve, além do governo federal, 15 instituições nacionais, entre fabricantes, setor financeiro e empresas de alta tecnologia. As entregas têm ocorrido conforme a capacidade de produção da indústria nacional e levam em conta a capacidade instalada da rede de assistência em saúde pública, principalmente nos locais onde a transmissão está se dando em maior velocidade. Em muitos casos, o ministério tem ido buscar os equipamentos direto na linha de produção para dar agilidade a distribuição para estados e municípios,” disse o Ministério da Saúde.

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Ministro da Agricultura apoia suspensão de fornecimento de carne ao Carrefour Brasil

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou nesta segunda-feira, 25, seu apoio à decisão de frigoríficos brasileiros de interrupção o suficiente de carne ao Carrefour no Brasil. A medida foi uma resposta às declarações do CEO global da rede, Alexandre Bompard, que anunciou na última quarta-feira, 20, que o Carrefour deixará de comprar carne do Mercosul, alegando riscos relacionados ao cumprimento de critérios

A decisão do Carrefour foi anunciada em meio aos protestos de agricultores franceses contrários ao acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Embora a extensão da restrição não tenha sido inicialmente esclarecida, a empresa informou posteriormente que a medida se aplica às lojas em França. A postura do Carrefour gerou críticas tanto de representantes do governo quanto de agricultores do bloco sul-americano.

Em entrevista à Globonews, Fávaro criticou o tom utilizado pela Bompard ao abordar a qualidade da carne brasileira, considerando as declarações inaceitáveis. “Não é pelo boicote econômico, mas pela forma como o CEO do Carrefour tratou a questão. Ele colocou em dúvida a qualidade sanitária da carne brasileira, algo inadmissível”,

Fávaro também defendeu o rigor ambiental e sanitário do Brasil, ressaltando que o país possui um dos Códigos Florestais mais exigentes do mundo. Ele classificou as discussões do Carrefour como uma tentativa de criar barreiras comerciais. “A França compra carne do Brasil há 40 anos. Só agora resolvi detectar um problema? Isso é absurdo. Se o Carrefour na França não quer carne brasileira, nossos fornecedores estão certos em não fornecer o produto nem para as lojas no Brasil”, declarou.

Em resposta, o Carrefour Brasil emitiu uma nota informando que a suspensão da quantidade de carne impacta seus clientes e que a empresa está buscando soluções para normalizar o abastecimento do produto em suas lojas

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