Tarifaço de Trump: Nunes defende separação de interesses ao ser questionado sobre anistia a Bolsonaro – Entenda as repercussões

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Tarifaço de Trump: Nunes diz que ‘as coisas não podem se misturar’ ao ser indagado se apoia anistia a Bolsonaro para acabar com a tarifa

Prefeito de São Paulo argumentou que todo governante tem a obrigação de defender os interesses da população que representa.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), comentou nesta segunda-feira (14) o tarifaço imposto por Donald Trump a produtos brasileiros em reação aos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro na Justiça e disse que “as coisas não podem se misturar”.

Em entrevista à GloboNews, ao ser questionado se apoia a anistia a Bolsonaro em troca do fim da tarifa extra de 50%, Nunes respondeu:

Acho que as coisas não podem se misturar até porque não tem nem como se misturar.

Nunes disse ainda que “a questão das tarifas não é uma coisa assim que o chefe de Estado define de forma unilateral”. “Existe toda uma conjuntura”, afirmou.

Aliado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Nunes saiu em defesa dele e disse que, assim como todo governante, ambos têm a obrigação de defender o interesse da população.

Num primeiro momento, Tarcísio culpou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo tarifaço, mas, diante da repercussão negativa, mudou o tom do seu discurso e disse que o momento agora é unir esforços para conter os efeitos da medida.

Ministros do governo reagiram às criticas de Tarcísio a Lula ao dizer que o presidente “colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado” e que “a responsabilidade é de quem governa”.

Aliado de Bolsonaro, Tarcísio é cotado para disputar a Presidência contra o atual presidente em 2026.

O anúncio de Trump foi recebido com espanto por especialistas no Brasil e no mundo, que destacaram a motivação política da decisão. “Ele [Trump] mencionou a iminente condenação do Bolsonaro”, disse, em entrevista à GloboNews, o ex-presidente do Banco Central Alexandre Schwartsman.

“Não seria a primeira vez que os Estados Unidos usam a política tarifária para fins políticos”, escreveu o economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel.

Entidades da indústria e da agropecuária brasileira também manifestaram preocupação com o anúncio e afirmaram que as taxas ameaçam empregos no setor.

Carta ao Brasil teve teor político e citou Bolsonaro

Em carta enviada ao presidente Lula na qual justifica a elevação da tarifa sobre o Brasil, Trump citou Bolsonaro e disse ser “uma vergonha internacional” o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).

Após o anúncio, Lula afirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e que o aumento unilateral de tarifas sobre exportações brasileiras será respondido com base na Lei da Reciprocidade Econômica.

O petista declarou ainda que o processo judicial contra os envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 é de competência exclusiva da Justiça brasileira.

Na carta, Trump afirmou, sem provas, que sua decisão de aumentar a taxa sobre o país também foi tomada “devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”.

Ao justificar a medida, Trump também afirmou que a relação comercial dos EUA com o Brasil é “injusta”. Disse que barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil “causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os EUA”.

Apesar do argumento, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram o contrário. O Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os EUA desde 2009 — ou seja, há 16 anos. Isso significa que o Brasil gastou mais com importações do que arrecadou com exportações.

Trump anuncia taxa de 50% ao Brasil

Ao justificar a medida, Trump também afirmou que a relação comercial dos EUA com o Brasil é “injusta”. Disse que barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil “causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os EUA”.

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