Tarifas de Trump podem afetar a inflação no Brasil? Entenda o impacto das taxações e da alta do dólar no cenário econômico nacional.

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Tarifas de Trump podem afetar a inflação no Brasil? Entenda

Cenário inflacionário nos Estados Unidos e alta do dólar diante do real podem
impactar os preços no ambiente doméstico

O Brasil figura entre os países menos afetados pelas tarifas recíprocas de
Donald Trump, com taxação de 10% sobre seus produtos. Ainda assim, a tarifa
média passa a ser maior do que a vigente e pode haver impacto nos preços.

Especialistas consultados pela CNN disseram que não deve haver efeito
inflacionário considerável no curto prazo, mas que o cenário pode mudar
futuramente devido a movimentações do dólar em relação às outras moedas.

A elevação da inflação aparece sob a perspectiva de juros mais altos nos Estados
Unidos e consequente alta da moeda americana e desvalorização do real, o que
leva à subida dos preços por aqui.

“Primeiro deve ser sentido um efeito inflacionário nos Estados Unidos, o que vai
acabar pressionando o FED por elevação dos juros. Quando isso acontece o mundo
inteiro é impactado, o dólar passa a ganhar força e as outras divisas perdem
valor”, explicou Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior.

Segundo o Peterson Institute of International Economics, somente as tarifas de
Trump sobre México, Canadá e China vão levar a um custo de US$ 1.200 por ano às
famílias americanas, o que significa cerca de alta de 3% na inflação dos EUA.

“Neste caso, o FED vai estar pressionado a subir mais os juros e, com a possível
mudança cambial e diante do novo cenário, haverá um repasse de preços”,
acrescentou.

Ainda que a perspectiva de inflação nos EUA leve a apostas na alta dos juros, há
uma possibilidade que pode conter o movimento: a de estagflação.

Especialistas preveem desaceleração na economia americana, o que aliada à
inflação crescente pode criar um panorama mais desafiador para o banco central
americano.

“Temos que trabalhar com a perspectiva de um mundo que vai desacelerar e de
forma muito importante. Isso pode pesar na outra ponta para o FED sobre a
contenção do remédio amargo que são os juros para combater a inflação”, disse
Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos.

Espírito Santo pontua ser necessário aguardar a reação dos países mais afetados
com as tarifas recíprocas de Trump, pois retaliações contundentes devem afetar o
comércio global e beneficiar ou prejudicar a balança comercial do mundo.

Segundo relatório divulgado pela XP, a inflação decorrente das medidas de Trump
nos Estados Unidos será de curto prazo.

“Nesse contexto, favorecemos produção baseada nos EUA, proteções contra
inflação, exposição a exportadoras (caso o excepcionalismo americano persista) e
a certos exportadores de grãos”, destaca a empresa no documento, assinado pelos
estrategistas Fernando Ferreira, Felipe Veiga, Raphael Figueiredo, Júlia Aquino
e Lucas Rosa.

A XP diz ainda que setores exportadores de commodities podem se beneficiar de
uma guerra comercial, caso haja retaliação de outros países.

O agronegócio, por exemplo, tem se favorecido pela alta demanda chinesa, que
migrou dos EUA para o Brasil com produtos como soja e milho. Vale ressaltar que
a maior demanda pelos produtos no cenário internacional leva ao aumento dos
preços no ambiente doméstico.

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