Da UTI para o pagode: mulher com doença rara vai a show de maca no DF
Tatiane Barros, de 45 anos, foi levada com suporte médico ao Parque da Cidade, em Brasília. Ela tem porfiria, enfermidade que causa paralisia.
Tatiane Barros, amigos e parentes em show de pagode no Parque da Cidade, em Brasília. — Foto: Arquivo Pessoal
Tatiane Barros, amigos e parentes em show de pagode no Parque da Cidade, em Brasília. — Foto: Arquivo Pessoal
Internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) há seis meses, Tatiane Barros, de 45 anos, viveu, no último domingo (8), um momento único: foi levada de maca para um show de pagode no Parque da Cidade, em Brasília.
Tatiane tem porfiria — uma doença genética rara que afeta a produção do sangue e pode provocar paralisia muscular, como no caso dela. A coordenadora de RH foi internada em um hospital particular do Distrito Federal em dezembro, e desde janeiro está na UTI.
Com o suporte da equipe de saúde — médicos, fisioterapeutas e enfermeiros —, a mulher apaixonada por pagode acompanhou a apresentação ao lado da família, de amigos, colegas de trabalho e do filho. Foram duas horas de pura diversão.
“Foi a primeira vez que ela saiu dessa internação. E foi isso, aquela alegria só”, diz Andreia Soares, irmã de Tatiane.
O médico Antônio Aurélio Fagundes, coordenador da UTI geral do hospital DF Star, explicou ao DE que todos os cuidados foram tomados e os equipamentos necessários usados para garantir a segurança de Tatiane.
“Ela adora pagode, sempre falou disso. Quando completou 45 anos, em abril, a gente levou uma banda pra tocar no jardim do hospital, com a presença da família. Agora, conseguimos realizar o sonho dela de ir a um show ao ar livre, com todos os protocolos de segurança”, diz o médico.
Um espaço foi reservado para a ambulância e a estrutura médica no local do evento. O momento emocionou os músicos do grupo Benzadeus e também o público.
Por causa da condição, Tatiane se comunica por leitura labial. A psicóloga Luana Karina Olivato, melhor amiga da paciente, conta que durante o show ela parecia em “êxtase” e não parava de cantar.
“Nós duas íamos ao pagode toda semana. Era o nosso encontro. Deu uma renovação pra ela enorme — e não só para ela, sabe? Para todos nós da família e para a equipe do hospital”, diz Luana.
O médico Antônio Aurélio Fagundes, coordenador da UTI geral do hospital DF Star, explicou que Tatiane perdeu os movimentos de quase todos os músculos, mas se mantém consciente e com muita vontade de viver. Ele explica que, apesar do quadro grave, momentos como esse têm grande impacto na recuperação dos pacientes.
“Foi um prazer proporcionar essa alegria. Do ponto de vista psicológico, é importante para ela resistir, para a imunidade, para todos os aspectos. A ideia é acrescentar vida a quem está lutando para continuar vivendo”, afirma.