Com taxa de desemprego em 8,7%, GDF não divulga dados atualizados do indicador
desde janeiro
IPEDF afirma que levantamento sobre mercado de trabalho será divulgado apenas no
final do ano. Especialistas afirmam que a ausência de informações pode
comprometer economia.
O Distrito Federal fechou o segundo trimestre deste ano com uma taxa de
desemprego em 8,7%, segundo a PNAD Contínua do IBGE divulgada em agosto.
O índice é o terceiro pior do país, à frente apenas de Pernambuco (10,4%) e
Bahia (9,1%). O DF foi uma das nove unidades da Federação em que as taxas
ficaram “estáveis” em relação ao trimestre anterior, em vez de cair.
Mas, mesmo na ponta de baixo da tabela, o governo do DF deixou de produzir,
desde o início deste ano, relatórios próprios sobre a situação do mercado de
trabalho local.
Responsável pela divulgação mensal da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), o
Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF) não atualiza esses dados desde
janeiro de 2025 – quando foi publicado boletim comparando dados dos anos de 2023
e 2024.
O DE questionou o IPEDF sobre a disponibilidade das
informações atualizadas. Em resposta, o órgão informou que os dados são
compilados apenas ao fim de cada ano e que, portanto, não há números oficiais
para 2025.
O Instituto disse ainda que está em processo de contratação de empresa para
realizar a pesquisa e que, tão logo o processo seja finalizado, as publicações
mensais serão retomadas.
De acordo com o IPEDF, os dados serão consolidados em parceria com o
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
O DIEESE informou que a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) foi
descontinuada, em diferentes momentos, por falta de financiamento em todas as
regiões onde era realizada.
Em 2020, o levantamento foi retomado no DF, única localidade onde a pesquisa é
feita atualmente.
FALTA DE INFORMAÇÃO PODE GERAR INCERTEZAS
Na avaliação do economista Felipe Queiroz, pesquisador da Unicamp, a ausência de informações
claras por parte dos agentes públicos pode comprometer o funcionamento da
economia, gerar insegurança e impactar decisões estratégicas de empresas e da
sociedade civil.
> “Se você tem uma empresa e quer investigar a viabilidade de contratar, por
> exemplo, vai considerar esses dados. Sem essas informações, o cenário se torna
> mais incerto e menos confiável”, explica.
Queiroz ressalta que a ausência de clareza pode levar a resultados subótimos,
quando a economia deixa de atingir seu potencial pleno.
> “É aí que surgem os descompassos – desajustes e inconsistências entre
> diferentes áreas e políticas econômicas”, pontua.
Em 2024, o levantamento anual indicou que a taxa de desemprego no Distrito
Federal estava em 14,6%.
Em 2025, segundo o IBGE, houve recuo para 8,7% no segundo trimestre. No primeiro
trimestre, os dados indicavam uma taxa de 9,2%.
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