Os traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP), após observarem a expansão nacional do Comando Vermelho (CV), decidiram replicar o modelo de alianças para conquistar territórios fora do Rio de Janeiro. Essa estratégia levou o TCP a estabelecer uma parceria com os Guardiões do Estado (GDE) no Ceará, em 2022. O início dessa aliança foi marcado pela morte de Josenildo Marques Palhano, conhecido como Sal, um dos líderes do GDE, o que desencadeou uma violenta guerra na região.
Durante as investigações sobre a morte de Sal, uma testemunha revelou que a ordem para o assassinato partiu do Rio de Janeiro, visando retirar o líder do GDE do comando e formalizar a união entre as facções, algo que ele se opunha. Após esse evento, o GDE enfrentou um racha interno, no qual alguns membros se uniram ao TCP, enquanto outros buscavam manter a autonomia da facção.
A união entre o TCP e o GDE foi oficializada em setembro deste ano através de um comunicado divulgado nas redes sociais. Em um vídeo gravado na Maré, mostrando criminosos armados com fuzis, Edmilson Marques de Oliveira, conhecido como Cria e chefe do TCP na região, declarou: “Agora o Ceará é Terceiro Comando Puro. Quem quiser vir, pode vir… Muita bala no Comando Vermelho!”. No entanto, Cria foi morto em uma operação policial na semana seguinte.
No Ceará, a presença dos traficantes cariocas já está sendo sentida, com extorsões e barricadas sendo erguidas e removidas em diversas regiões do estado. Um exemplo marcante foi o assassinato do comerciante Alexandre Roger Lopes Bastos, morto por traficantes do Comando Vermelho após se recusar a pagar uma extorsão. Esses episódios mostram como as facções do Rio estão ampliando sua influência econômica e territorial no Ceará.
O Ministério Público do Ceará tem atuado para combater a expansão do crime organizado no estado, especialmente a rivalidade entre o TCP e o CV. O promotor Adriano Saraiva ressalta que o TCP absorveu o GDE e agora enfrenta diretamente o Comando Vermelho no Ceará, investindo pesadamente na guerra pela região. As autoridades locais estão empenhadas em impedir que as facções se estabeleçam de forma definitiva no estado, buscando manter a segurança da população em meio a essa violenta disputa pelo controle do tráfico de drogas.



