Última atualização 12/08/2022 | 07:54
Na casa de Irlândia Barros, o comando é exclusivo dela. A morte do marido a fez assumir o posto de responsável pelas contas mensais e pelos filhos. A situação ocorre também em 53,3% dos lares de Goiânia e em 47,1% dos domicílios no estado, com mulheres chefiando os lares, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Irlândia mora com dois filhos, um de 15 anos e outro de 11 anos, e em breve deve hospedar a filha de 17 anos, que é mãe e está desempregada. Os gastos básicos incluem alimentos e o aluguel de R$500. A sobrecarga para a mulher, de 33 anos, resulta em muita preocupação com o dia seguinte e a faz buscar alternativas para aumentar a renda mensal de um salário mínimo que vem do trabalho como balconista.
“Não está dando para manter a minha casa e, às vezes, a gente nem tem o que comer. Meus filhos ficam na escola de manhã e em uma entidade filantrópica à tarde que, de vez em quando, doa cestas básicas. Quando a coisa aperta demais, eu peço ajuda ao meu irmão. Vou ver se consigo arrumar mais faxina. Nesta semana fiz uma pela manhã e ganhei R$70”, detalha.
A percepção de que a maioria das mulheres sustenta a casa e a família foi provada em números. Os dados de 2012 mostram que as estatísticas goianas e goianienses eram mais tímidas, na casa dos 30%. Segundo o IBGE, em 1950, cerca de 12% dos lares já eram chefiados por mulheres no Brasil. Em 2000, o número subiu para 26%. Depois para 35% em 2009 e 45% em 2008. Atualmente, em apenas 34% das famílias chefiadas por mulheres há um cônjuge.
Embora mais presentes no mercado de trabalho, a remuneração delas é inferior à dos homens. A melhor qualificação do público feminino não é o suficiente para superar a marca de redimento mensal 30% inferior comparado ao dos homens nem de aumentar os ganhos salariais, de acordo com informações do IBGE em Goiás.
O papel da renda obtida por meio da Previdência Social e de programas governamentais de renda se torna estratégico para ajudar as mulheres no sustento familiar. Por serem mais vulneráveis e terem sido bastante impactadas pela crise econômica gerada pela pandemia, elas se tornaram o foco do Renda + Mulher, da Prefeitura de Goiânia. Cerca de 8 mil delas já foram contempladas com o benefício de R$ 300 mensais durante seis meses para ser gasto com despesas em estabelecimentos localizados da capital.