Tilly Norwood, atriz gerada por IA, causa polêmica em Hollywood: sindicato de artistas dos EUA protesta.

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“Atriz” criada por inteligência artificial gera protestos em Hollywood

Sindicato de artistas dos EUA afirma que a IA não deve ocupar lugar de destaque
na profissão. Já a criadora defende que ela não substitui um ser humano, mas é
uma obra criativa.

1 de 2 Tilly Norwood, atriz criada por IA — Foto: Reprodução/Instagram

Tilly Norwood, atriz criada por IA — Foto: Reprodução/Instagram

A atriz virtual Tilly Norwood, criada por inteligência artificial, tem gerado
uma onda de protestos em Hollywood, na Califórnia (EUA), centro da indústria
cinematográfica.

Norwood é produto da Xicoia, empresa que se autodenomina o primeiro estúdio de
talentos com inteligência artificial do mundo.

Desde que a produtora e comediante holandesa Eline Van der Velden lançou a
futura carreira da personagem digital, Tilly Norwood tem sido o assunto mais
comentado em Hollywood.

Mas não de forma positiva. A novidade provocou críticas de associações, atores e
cineastas, que afirmam que a inteligência artificial não deveria ocupar espaço
de destaque na profissão.

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (30), o sindicato norte-americano de
artistas Screen Actors Guild (SAG-AFTRA) afirmou que “a criatividade é, e deve
permanecer, centrada no ser humano”.

2 de 2 Sindicato de atores protesta contra atriz criada por inteligência
artificial em Hollywood — Foto: Evan Agostini/Invision/AP

Sindicato de atores protesta contra atriz criada por inteligência artificial em
Hollywood — Foto: Evan Agostini/Invision/AP

“Para deixar claro, ‘Tilly Norwood’ não é uma atriz, é uma personagem gerada por
um programa de computador treinado com base no trabalho de inúmeros artistas
profissionais — sem permissão ou remuneração”, disse a associação.

> “Não há experiência de vida para se inspirar, nenhuma emoção e, pelo que
> vimos, o público não está interessado em assistir a conteúdo gerado por
> computador desvinculado da experiência humana.”

Van der Velden, fundadora do estúdio de IA Particle6, apresentou Tilly Norwood
no fim de semana passado, durante o Zurich Summit, evento paralelo ao Festival
de Cinema de Zurique.

Ela disse na ocasião que agências de talentos estavam de olho em Norwood e que
ela esperava anunciar uma contratação em breve.

REAÇÃO EM HOLLYWOOD

Muitos em Hollywood criticam a novidade.

> “Espero que todos os atores representados pelo agente que faz isso se ferrem”,
> escreveu a atriz Melissa Barrera, conhecida por filmes como Em um Bairro de
> Nova York e Pânico, nas redes sociais. “Que nojo, leiam o ambiente.”

“Qualquer agência de talentos envolvida nisso deveria ser boicotada por todas as
corporações”, publicou Natasha Lyonne no Instagram.

A estrela de Boneca Russa está dirigindo um longa chamado Uncanny Valley, que
promete usar inteligência artificial “ética” junto com técnicas tradicionais de
produção.

“Profundamente equivocado e totalmente perturbador”, acrescentou. “Não é o
caminho. Não é a vibe. Não é o uso.”

O tema foi central nas negociações da greve prolongada do sindicato que
representa os membros da mídia dos EUA encerrada no fim de 2023 com salvaguardas
para proteger o uso de imagens e atuações de atores por IA.

Uma greve de um ano de atores de videogames se baseou nas proteções da IA. Em
julho, atores de videogame aprovaram um novo contrato que exige que os
empregadores obtenham permissão por escrito para criar uma réplica digital.

Ainda assim, o tema segue cercado de polêmicas.

O filme vencedor do Oscar de 2024, “O Brutalista”, utilizou inteligência
artificial para os diálogos em húngaro falados pelos personagens de Adrien Brody
e Felicity Jones. A revelação gerou debate na indústria.

Van der Velden, responsável por lançar a atriz digital, rebateu as críticas no
Instagram.

> “Para aqueles que expressaram raiva pela criação da minha personagem de IA,
> Tilly Norwood, ela não é uma substituta para um ser humano, mas uma obra
> criativa — uma obra de arte”, disse no domingo (28).

“Como muitas formas de arte antes dela, ela desperta conversas, e isso por si só
demonstra o poder da criatividade.”

Van der Velden não respondeu aos pedidos de entrevista na terça-feira. Em sua
publicação, ela argumentou que personagens de IA deveriam ser julgados como um
gênero próprio.

“Criar Tilly foi, para mim, um ato de imaginação e habilidade, assim como
desenhar um personagem, escrever um papel ou moldar uma performance”,
acrescentou.

“Dar vida a um personagem como esse exige tempo, habilidade e iteração.”

A declaração também foi compartilhada na conta de Tilly Norwood no Instagram.

As postagens incluem fotos da atriz virtual tomando café, comprando roupas e se
preparando para projetos. Até terça-feira, a conta acumulava mais de 33 mil
seguidores.

“Me diverti muito filmando alguns testes de tela recentemente”, diz uma das
publicações. “Cada dia parece um passo mais perto da tela grande.”

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