Indivíduo azul da tiriba-de-testa-vermelha chama a atenção no litoral paulista
A descoberta de um indivíduo azul da tiriba-de-testa-vermelha no litoral paulista tem encantado observadores de aves. Essa mudança na cor da ave é o resultado de uma mutação genética única, que deu origem a uma beleza singular que chamou a atenção do advogado Amauri Leite. A partir do momento em que um bando dessas aves começou a frequentar a região de São Sebastião, no litoral norte paulista, Amauri se viu intrigado com a presença de um indivíduo azul entre os coloridos exemplares da espécie.
Durante mais de um ano, Amauri observou e registrou a presença marcante da tiriba “azul” em meio às outras aves. No entanto, em determinado momento, a ave deixou de frequentar o local e se tornou uma lembrança intrigante. O ornitólogo Fernando Igor de Godoy, ao analisar as fotos da tiriba azul, constatou que se tratava de um caso raro de cianismo, que resulta na intensificação da cor azul-celeste pela ausência de pigmentos carotenóides responsáveis pelas cores amarela, vermelha e laranja.
A cor verde característica da tiriba-de-testa-vermelha é uma mistura da coloração amarela com a azul. No caso da ave azul, a falta de pigmentação amarela resultou na tonalidade azul predominante. Godoy explicou que essa mutação genética ocorre no momento da fecundação do indivíduo, tornando-o um “bicho bem diferente” em relação aos demais da espécie. Apesar da singularidade da coloração azul, a tiriba “diferente” conseguiu viver normalmente entre os outros membros do bando.
A tiriba-de-testa-vermelha é uma ave da família dos psitacídeos que pode ser encontrada em diversas regiões do Brasil, do Rio Grande do Sul à Bahia, além de estar presente também em países como Uruguai, Paraguai e Argentina. Com uma plumagem predominantemente verde, essa espécie vive em bandos compostos por 10 a 40 indivíduos e costuma fazer seus ninhos em cavidades de troncos de árvores. As fêmeas da tiriba-de-testa-vermelha colocam de três a cinco ovos, que são incubados por cerca de 30 dias antes de nascerem os filhotes.
Casos de cianismo, como o da tiriba azul, são raros, mas já foram registrados em outras espécies de psitacídeos. Em 2021, um caso de maritaca azul mutante foi flagrado em Rio Claro (SP), chamando a atenção dos observadores de aves locais. A admiração por esses exemplares únicos da natureza reforça a importância da preservação das aves e de seus habitats naturais. A beleza incomparável das aves cianóticas nos lembra da diversidade e da surpreendente complexidade da vida selvagem.