TJ Suspende 644 decisões em processos de Fraude Radioativa

Uma operação denominada “Fraude Radioativa” tem causado grande impacto no sistema judiciário e financeiro de Goiás. A ação, que envolve a apresentação de pareceres médicos falsos, resultou na suspensão de 644 decisões judiciais pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). Aqui, vamos explorar os detalhes dessa operação e suas implicações.
 
A Operação Fraude Radioativa foi uma ação conjunta da Polícia Civil e da Procuradoria-Geral do Estado de Goiás que desmantelou um esquema criminoso envolvendo a apresentação de laudos médicos falsos. Esses laudos eram usados para obter isenções de Imposto de Renda para servidores públicos aposentados, alegando exposição a materiais radioativos durante o acidente com Césio-137 em Goiânia em 1987.
 
Sete advogados são suspeitos de participar deste esquema. Alguns deles eram responsáveis por captar clientes que haviam trabalhado durante o período do acidente radiológico, enquanto outros cuidavam do ajuizamento das ações judiciais. Além disso, alguns advogados emprestavam suas senhas de acesso ao sistema judiciário para que os processos fossem protocolados ilegalmente.
 
O presidente do TJGO, desembargador Carlos França, suspendeu as decisões judiciais devido à gravidade da situação revelada pela Operação Fraude Radioativa. Ele argumentou que a continuidade dessas decisões geraria um risco concreto à ordem, à economia e à segurança pública, e que o Judiciário não pode ser utilizado de maneira fraudulenta para obtenção de isenções fiscais indevidas.
 
As investigações indicam que o dano financeiro causado pela organização criminosa aos cofres públicos é estimado em cerca de R$ 20 milhões. No entanto, este valor pode aumentar à medida que as investigações progridem.
 
A Goiasprev, a autarquia responsável pela previdência dos servidores públicos de Goiás, desempenhou um papel colaborativo crucial no desmonte da organização criminosa. Através da sua Procuradoria Setorial, a Goiasprev mantém constante comunicação com a Procuradoria-Geral do Estado e a Polícia Civil para notificar e combater qualquer suspeita de má-fé na requisição de benefícios.

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Justiça condena ex-assessor de Bolsonaro por gesto associado ao supremacismo branco

A Justiça Federal do Distrito Federal condenou Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo crime de racismo. A decisão foi proferida pelo juiz David Wilson de Abreu Pardo, da 12ª Vara Federal de Brasília. Martins foi acusado de fazer um gesto durante uma sessão do Senado, em 2021, que foi associado a símbolos utilizados por supremacistas brancos.

Na época, Martins ocupava o cargo de assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República. O ato foi enquadrado em um crime previsto na Lei do Racismo, que trata de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

Pena

O juiz determinou uma pena de 2 anos e 4 meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial aberto. A prisão foi substituída pela prestação de 850 horas de serviços comunitários e pelo pagamento de R$ 1 mil mensais, durante 14 meses, a uma instituição social indicada pela Justiça. Martins também deverá pagar uma multa de R$ 8.250 e uma indenização por danos morais no valor de R$ 30 mil.

Na decisão, o magistrado ressaltou que o gesto, considerado supremacista, carrega uma intenção preconceituosa e de discriminação. “Uma manifestação pública e intencional, com sentido de que pessoas brancas são superiores, revela o preconceito e estimula ideias preconceituosas preexistentes”, afirmou o juiz.

Ele destacou ainda o impacto social do caso, considerando a posição de Martins como funcionário de alto escalão do Estado e o contexto de transmissão pública do ato. “Essa manifestação afeta o autorrespeito das pessoas e viola sua dignidade”, concluiu o magistrado.

Defesa e reação

A defesa de Filipe Martins criticou a decisão, classificando-a como um “ataque frontal” ao Direito Penal. Os advogados argumentaram que o gesto em questão possui múltiplos significados, é culturalmente desprovido de caráter ofensivo no Brasil e foi realizado de forma involuntária.

“Se prevalecer o entendimento adotado, qualquer cidadão poderá ser preso com base em interpretações fantasiosas de suas palavras e gestos”, afirmou a defesa, que confirmou que irá recorrer da decisão.

Histórico do caso

Filipe Martins havia sido absolvido em 2021 pelo juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos, que considerou que não havia provas suficientes para o crime, apenas uma interpretação do Ministério Público Federal (MPF). Entretanto, o MPF recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que derrubou a absolvição e determinou a retomada da ação penal.

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