“Tô vivendo a pior dor”, diz mãe de estudante trans desaparecida

Estudante trans desaparece e mãe clama por notícias

Quase 15 dias depois de sair de casa, a estudante Alícia Marques, de 18 anos, não entrou mais em contato com a mãe, a diarista Fabrícia da Silva Pereira, de 40. Ela registrou ocorrência no Grupo de Investigações de Pessoas Desaparecidas da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), mas o caso foi remetido ao 1º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia e segue sem qualquer novidade sobre o paradeiro de Alícia. A maior preocupação da mãe é a de que pelo fato de ser trans, “o filho” tenha sido alvo de alguma maldade.

Apesar de se referir a Alícia como o filho Edmar Gustavo Marques Pereira, a diarista conta que não havia qualquer conflito com a filha por causa do gênero. “Eu sempre o chamei de filho. É meu amigo. Entendia que para mim era difícil de lembrar ou de acostumar. Mas, tanto eu quanto minha família, nossos amigos e vizinhos, vimos com naturalidade ele se vestir e se comportar como mulher. Sempre foi assim desde pequeno”, conta.

Então, para a mãe, este não seria um motivo para que Alícia saísse de casa. “Ele é meu menino. Não bebe, não usa droga, nunca saiu de casa sem dar notícia. Mandava a localização de onde estava. Agora, o celular só cai na caixa”. Alícia saiu de casa no sábado, dia 11 de fevereiro, por volta das 18h30, de Uber. Só disse que estava saindo e que logo voltava. “Ele falou mãe, tchau, já estou indo. Respondi só vai com Deus”.

Fabrícia conta que não consegue retomar sua rotina.

“Tô vivendo a pior dor. Não tenho mais dia. Não tenho mais noite. Fico o tempo todo esperando meu filho chegar em casa”. Ela também não tem respostas por parte da Polícia Civil. Qualquer informações sobre o paradeiro de Alícia pode ser dado pelo número (62) 9.9567-6484.

A assessoria de imprensa da Uber informou ao Diário do Estado que “não foi possível verificar o caso relatado porque, até o momento, não foram fornecidas à empresa informações suficientes para checar se a ocorrência mencionada se deu em viagem com o aplicativo da Uber. De qualquer forma, a empresa se coloca à disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações”.

O desaparecimento de Alícia é investigado pela delegada Luíza Veneranda, do 1º DP de Aparecida de Goiânia. Ao DE ela disse que não pode fornecer informações para não atrapalhar o andamento das investigações sobre o caso.

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Mauro Cid confirma ao STF que Bolsonaro sabia de trama golpista

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente de um plano para um golpe de Estado. O ex-ajudante de ordens foi ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes na última quinta-feira, 21, para esclarecer contradições entre sua delação premiada e as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF).

De acordo com informações apuradas pela PF, a investigação revelou a existência de um plano envolvendo integrantes do governo Bolsonaro para atentar contra a vida de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Contudo, os advogados de Mauro Cid negam que ele tenha confirmado que Bolsonaro estava diretamente envolvido na liderança do suposto plano de execução.

Após prestar depoimento por mais de três horas, o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, declarou que seu cliente reiterou informações já apresentadas anteriormente. A advogada Vania Adorno Bittencourt, filha de Cezar, declarou ao Metrópoles que Bolsonaro sabia apenas da tentativa de golpe.

O ministro Alexandre de Moraes validou a colaboração premiada de Mauro Cid, considerando que ele esclareceu omissões e contradições apontadas pela PF. O depoimento foi o segundo do tenente-coronel nesta semana, após a recuperação de arquivos deletados de seus dispositivos eletrônicos pela PF.

Bolsonaro indiciado pela Polícia Federal

No mesmo dia, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O relatório foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF.

Entre os indiciados estão os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O grupo é acusado de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, atuando em seis núcleos distintos.

Bolsonaro, em resposta, criticou a condução do inquérito, acusando Moraes de “ajustar depoimentos” e realizar ações fora do que prevê a lei. As investigações continuam em andamento, com implicações graves para os envolvidos.

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