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“Tô vivendo a pior dor”, diz mãe de estudante trans desaparecida

Última atualização 26/02/2022 | 09:04

Quase 15 dias depois de sair de casa, a estudante Alícia Marques, de 18 anos, não entrou mais em contato com a mãe, a diarista Fabrícia da Silva Pereira, de 40. Ela registrou ocorrência no Grupo de Investigações de Pessoas Desaparecidas da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), mas o caso foi remetido ao 1º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia e segue sem qualquer novidade sobre o paradeiro de Alícia. A maior preocupação da mãe é a de que pelo fato de ser trans, “o filho” tenha sido alvo de alguma maldade.

Apesar de se referir a Alícia como o filho Edmar Gustavo Marques Pereira, a diarista conta que não havia qualquer conflito com a filha por causa do gênero. “Eu sempre o chamei de filho. É meu amigo. Entendia que para mim era difícil de lembrar ou de acostumar. Mas, tanto eu quanto minha família, nossos amigos e vizinhos, vimos com naturalidade ele se vestir e se comportar como mulher. Sempre foi assim desde pequeno”, conta.

Então, para a mãe, este não seria um motivo para que Alícia saísse de casa. “Ele é meu menino. Não bebe, não usa droga, nunca saiu de casa sem dar notícia. Mandava a localização de onde estava. Agora, o celular só cai na caixa”. Alícia saiu de casa no sábado, dia 11 de fevereiro, por volta das 18h30, de Uber. Só disse que estava saindo e que logo voltava. “Ele falou mãe, tchau, já estou indo. Respondi só vai com Deus”.

Fabrícia conta que não consegue retomar sua rotina.

“Tô vivendo a pior dor. Não tenho mais dia. Não tenho mais noite. Fico o tempo todo esperando meu filho chegar em casa”. Ela também não tem respostas por parte da Polícia Civil. Qualquer informações sobre o paradeiro de Alícia pode ser dado pelo número (62) 9.9567-6484.

A assessoria de imprensa da Uber informou ao Diário do Estado que “não foi possível verificar o caso relatado porque, até o momento, não foram fornecidas à empresa informações suficientes para checar se a ocorrência mencionada se deu em viagem com o aplicativo da Uber. De qualquer forma, a empresa se coloca à disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações”.

O desaparecimento de Alícia é investigado pela delegada Luíza Veneranda, do 1º DP de Aparecida de Goiânia. Ao DE ela disse que não pode fornecer informações para não atrapalhar o andamento das investigações sobre o caso.