Tomografia revela detalhes inéditos de fóssil de 260 milhões de anos no RS
Rastodon procurvidens foi digitalizado em 3D por cientistas da UNIPAMPA e do Museu Nacional. A descoberta reposiciona a espécie na árvore evolutiva dos dicinodontes.
A espécie Rastodon procurvidens teve seu fóssil digitalizado em 3D por pesquisadores da UNIPAMPA e do Museu Nacional, revelando detalhes inéditos sobre sua biologia. Essa espécie faz parte do grupo extinto de animais que são parentes dos mamíferos, os dicinodontes.
Localizado há aproximadamente 10 anos na região de São Gabriel, na Região Central do Rio Grande do Sul, o fóssil passou por uma tomografia computadorizada de alta resolução, o que proporcionou a observação do interior do crânio e dos ossos do herbívoro. O fato de ter sido fossilizado com a boca fechada impossibilitou a análise detalhada do céu da boca e da mandíbula.
O paleontólogo João Lucas da Silva, líder do estudo realizado pela UNIPAMPA, destacou que o fóssil do Rastodon estava literalmente com a boca fechada por mais de 250 milhões de anos, sendo possível, por meio da micro-tomografia, abrir a boca e revelar detalhes incríveis de sua história evolutiva.
Colaborando com cientistas da North Carolina State University e da Princeton University, nos Estados Unidos, o estudo publicado no Zoological Journal of the Linnean Society trouxe à tona novas descobertas sobre o fóssil do Rastodon, como a identificação de certos ossos do crânio e do restante do esqueleto pela primeira vez, a confirmação de tratava-se de um jovem adulto, apesar do pequeno tamanho, e o reposicionamento do Rastodon na árvore evolutiva dos dicinodontes, ressaltando o papel da América do Sul na origem e diversificação desses animais.
O Rastodon procurvidens se destaca por suas presas curvas voltadas para frente, ao contrário do padrão do grupo, que apresenta presas voltadas para trás. Essa peculiaridade, somada à excelente preservação do fóssil, que apenas carece da parte posterior da coluna vertebral e da cintura pélvica, auxiliou na análise mais aprofundada da espécie.
Vivendo no final do período Permiano, há mais de 260 milhões de anos, na região norte de São Gabriel, o Rastodon procurvidens e outros dicinodontes de pequeno porte e seus hábitos de vida podem fornecer informações valiosas sobre como o grupo sobreviveu à extinção Permo-Triássica. As tecnologias modernas, como a tomografia computadorizada, estão possibilitando a revisitação de fósseis conhecidos e a extração de informações surpreendentes, sem causar danos aos achados paleontológicos.