Última atualização 11/05/2023 | 10:33
Uma operação da Superintendência Regional do Trabalho em Goiás (SRTE-GO) resgatou oito trabalhadores em condições análogas à escravidão em uma fazenda de extração de bambum em Nova Glória, na Região Central de Goiás. O responsável pelo local foi preso.
De acordo com o SRTE, a operação ocorreu em maio deste ano. Os trabalhadores foram encontrados em condições subumanas em uma casa na cidade, sem receber salário e pagando pelos objetos que utilizavam para o trabalho.
Por fotos divulgadas pela SRTE, é possível ver que o alojamento onde os funcionários ficavam não tinha camas, roupas de cama, armários e nem locais higienizados para fazer as refeições. Os homens dormiam em redes ou colchões no chão, além de não terem instalações sanitárias.
Ao SRTE, os trabalhadores contaram que o patrão desconta despesas como passagens de ônibus, aluguel, água, energia, gás e compra de alimentos. Até mesmo os funcionários mais antigos nunca receberam salário, apenas vales de R$ 10 a R$ 50.
A investigação constatou também que os trabalhadores mais velhos estavam na fazenda há pelo menos 10 meses. Os funcionários eram do Pará, Mato Grosso e de cidades goianas. Nenhum possuía registro profissional.
Patrão
De acordo com Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o chefe dos funcionários tinha um caderno onde anotava despesas que supostamente pertenciam a cada funcionário. Ele fazia os trabalhadores assinarem notas promissórias das ”dívidas” quando eles pediam demissão.
O MTE constatou que, além do crime de trabalho análogo à escravidão, o patrão cometeu também crimes de aliciamento, retenção indevida de salários e tráfico de pessoas. O suspeito foi notificado para rescindir os contratos de trabalho dos oito empregados resgatados, fazendo os pagamentos de verbas rescisórias e os salários de todo o período de trabalho. Além disso, ele foi detido e encaminhado até a Delegacia de Polícia Federal de Anápolis, a 55 km de Goiânia.
Como o patrão não reconheceu as dívidas e alegou não ter condições financeiras, os auditores compraram as passagens de ônibus e kits de alimentos para os trabalhadores, com verbas da União. Cinco deles foram para São Miguel do Guamá (PA), dois para Anápolis (GO) e um para Barra do Garças (MT).