Tragédia em SP: 3ª morte confirmada por intoxicação de metanol

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Derrite descarta a participação do DE em adulteração de bebidas com metanol em SP

O Estado de São Paulo já registrou seis casos de intoxicação confirmados, incluindo três mortes, e dez ainda estão em investigação.

SP confirma 3ª morte por intoxicação por metanol em bebidas adulteradas

SP confirma 3ª morte por intoxicação por metanol em bebidas adulteradas

O secretário da Segurança Pública de São Paulo DE, Guilherme Derrite (PL), disse nessa terça-feira (30) que não acredita da participação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na adulteração de bebidas alcoólicas em São Paulo, que já matou três pessoas.

“Completamente descartada a hipótese do DE”, disse Derrite para a TV Globo.

Derrite está reunido nesse momento com o governador Tarcísio DE Freitas (Republicanos) e com o secretário de Saúde, Eleuses Paiva, para tratar de um plano de ação de fiscalização de estabelecimentos contra bares que compram bebidas falsificadas.

Também participam da reunião o comandante da Polícia Militar, o delegado-geral da Polícia Civil, representantes do Deic e do Departamento de Polícia e Proteção à Cidadania (DPPC), além do Procon-SP.

A suposta participação do DE no caso começou no domingo (28), quando a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) divulgou uma nota em que levantou a suspeita de que o metanol usado na adulteração de bebidas alcoólicas podia ser o mesmo importado ilegalmente pelo DE para “batizar” combustíveis.

Segundo a entidade, o fechamento recente de distribuidoras e formuladoras de combustível ligadas ao crime organizado — responsáveis por importar metanol de forma fraudulenta para adulterar combustíveis, conforme já comprovado em investigações do Gaeco e do Ministério Público de São Paulo — poderia estar por trás da atual onda de intoxicações.

O secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite (PL), durante evento na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, em 23/05/2025. — Foto: Pablo Jacob/GESP

O secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite (PL), durante evento na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, em 23/05/2025. — Foto: Pablo Jacob/GESP

3ª MORTE CONFIRMADA

Nesta segunda-feira (29), o governo de São Paulo confirmou a terceira morte por consumo de bebidas alcoólicas “batizadas” com metanol na Grande São Paulo. Um quarto óbito por intoxicação de metanol é investigado, mas não se sabe a causa da contaminação.

Segundo o comunicado, desde junho deste ano, foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol com suspeita de intoxicação por consumo de bebida adulterada.

Atualmente, dez casos estão sob investigação, dos quais três resultaram em óbitos confirmados – um homem de 58 anos em São Bernardo do Campo, um homem de 54 anos na capital e o terceiro de 45 anos em investigação do local de residência. Outro, de um homem com histórico de etilismo crônico, está em investigação, pois não se sabe como ocorreu a intoxicação. Um caso foi descartado.

Segundo a Prefeitura de São Bernardo, o homem de 58 anos morreu em 24 de setembro após atendimento no Hospital de Urgência.

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde da capital paulista informou que a vítima em São Paulo é um homem de 54 anos, morador da Zona Leste da capital. Ele apresentou sintomas em 9 de setembro e morreu no dia 15.

Associação levanta suspeita de que metanol importado ilegalmente pelo DE pode ter sido repassado para fábricas de bebida clandestina

Na sexta-feira (26), o Ministério da Justiça e de Segurança Pública divulgou que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos recebeu, por meio do Sistema de Alerta Rápido, “notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcoólica adulterada”.

O ministério apontou que os casos são “considerados fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol” (leia a nota na íntegra abaixo).

O metanol não se destina ao consumo humano — e é altamente tóxico — Foto: Adobe Stock

O metanol não se destina ao consumo humano — e é altamente tóxico — Foto: Adobe Stock

O QUE É METANOL?

O metanol (CH₃OH) é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. O produto é um tipo de álcool simples, incolor e inflamável, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum.

Ele já foi chamado de “álcool da madeira”, porque antigamente era obtido pela destilação de toras. Hoje, sua produção industrial é feita principalmente a partir do gás natural.

Porém, embora seja usado em pequenas quantidades na natureza, podendo ser encontrado em frutas, vegetais e até produzido pelo corpo humano em baixíssimas doses, o metanol é altamente tóxico em concentrações elevadas.

O QUE DIZ O GOVERNO FEDERAL?

“Nesta sexta-feira (26), a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) recebeu, por meio do Sistema de Alerta Rápido (SAR), notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol, no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcoólica adulterada.

O número de casos registrado, inicialmente, pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), de Campinas (SP), e encaminhado ao Comitê Técnico do SAR é considerado fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol.

O Ciatox recebeu, nos últimos dois anos, casos de intoxicação por metanol a partir de consumo de combustíveis por ingestão deliberada em contextos de abuso de substâncias, frequentemente associada à população de rua. Contudo, de acordo com a notificação de hoje, a ingestão se deu em cenas sociais de consumo alcóolico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros. São registros inéditos no referido centro toxicológico. É possível haver outros casos não notificados, uma vez que nem todos os casos de intoxicação chegam aos órgãos de vigilância e controle.

A ingestão acidental ou intencional de metanol leva a intoxicações graves e potencialmente fatais. O cenário de adulteração é particularmente relevante do ponto de vista de saúde pública, pois episódios dessa natureza frequentemente resultam em surtos epidêmicos com múltiplos casos graves e elevada taxa de letalidade, afetando grupos populacionais vulneráveis e exigindo resposta rápida das autoridades sanitárias. Nesse sentido, requer alerta à população, considerando, inclusive, o início do fim de semana, quando há maior frequência a bares e consumo de bebidas alcóolicas.

SAR – O Sistema de Alerta Rápido sobre drogas do Brasil (SAR) é um subsistema do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – Sisnad, gerenciado pela Secretaria da Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), vinculado ao Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid)”.

SINTOMAS E ATENDIMENTO

A recomendação do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos.

Os sintomas podem incluir ataxia, sedação, desinibição, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, taquicardia, convulsões e visão turva, principalmente após ingestão de bebidas de procedência desconhecida.

Em caso de suspeita, é fundamental buscar atendimento médico de emergência. A população pode localizar o serviço mais próximo pela plataforma.

Infográfico metanol — Foto: Arte DE

Infográfico metanol — Foto: Arte DE

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